Já aconteceu há mais de um século nos Estados Unidos: foi reformulado o ensino médico em virtude dos novos descobrimentos farmacêuticos. A indústria patrocinou a instalação de laboratórios de pesquisa nas faculdades e providenciou orientação para que os médicos receitassem os novos produtos que iam salvar todo mundo da doença, da dor, do envelhecimento, da depressão, da insônia, da ansiedade, do câncer, da aids etc. De quebra, conseguiu o banimento da homeopatia e da naturopatia, de modo que somente um tipo de medicina pudesse ser praticado ~ aquele.
Algo semelhante está para acontecer, de forma ampliada, no Brasil. A medicina convencional, baseada em princípios cujo sentido ou
significado escapa à maior parte de nós, clientes, quer predominar sobre
todas as outras modalidades de tratar da saúde. Começou a ser votado ontem no Senado o projeto de lei 7.703/2006, apelidado Ato Médico, que já havia sido aprovado pela Câmara. Depois cabe à presidente Dilma sancionar. Ela tem poder de veto.
Minha experiência pessoal com medicina convencional, homeopatia, acupuntura, fisioterapia, fonoaudiologia e psicoterapias me mostrou que a mais decepcionante é a medicina convencional. É a que mais aliena o indivíduo de si mesmo, a que menos esclarece, a que se regozija quando o torna dependente de remédios e consultas e a que mais trabalha contra o paciente, ao expô-lo a critérios especializados que não consideram a pessoa como um todo dentro do todo. Sem falar na exposição a máquinas de diagnóstico que tantas vezes dão resultados errados ou difíceis de interpretar. Etc.
O Ato Médico significa que 3 milhões de outros profissionais de saúde ~ biomédicos, enfermeiros, farmacêuticos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos,
nutricionistas, profissionais da educação física, psicólogos, técnicos
em radiologia e terapeutas ocupacionais ~ teriam que passar pelo crivo de um médico antes de exercer a profissão na qual se formaram, sempre que fossem atender alguém. Equivale a dizer que todas essas faculdades são incompetentes; que todos esses profissionais são incapazes de intuir e empreender caminhos para a melhora do paciente; que só quem for médico "sabe". É no mínimo um absurdo.
Manifesto dos Conselhos da Saúde do Estado de São Paulo aos senadores ~
ATO MÉDICO NÃO
O que e foi votado desse projeto ontem no Senado:
http://www.senado.gov.br/noticias/ato-medico-e-aprovado-pela-comissao-de-constituicao-e-justica.aspx