segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Feliz ano novo: A poderosa dieta do dr Barcellos contra o que nos faz adoecer




DESINFLAMATÓRIA,
DESINTOXICANTE,
EMAGRECEDORA


A PODEROSA DIETA 
DO DR BARCELLOS
CONTRA O CÂNCER
E TODAS AS ALERGIAS


Mágica? Parece.

Deixar de comer por alguns dias os alimentos proibidos na dieta do dr. Barcellos já faz a maior diferença, mesmo para quem não tem câncer, asma e outras alergias. Os tecidos do corpo desincham e se recuperam. A barriga murcha. A pessoa emagrece. A disposição melhora. O sono melhora. A pele clareia.

Fazer a dieta do dr. Barcellos por alguns meses, constatando os benefícios progressivos, pode levar a reflexões mais profundas sobre alimentação, bem-estar e manutenção da saúde. E demonstrar na prática o quanto cada pessoa pode tomar as rédeas de seu próprio corpo, isto é, de sua própria vida.

Raul Barcellos, médico carioca falecido há pouco tempo, aprendeu praticamente sozinho. Aos 14 anos, asmático de família asmática, começou a reparar na relação entre a comida e seus ataques de asma. Formou-se advogado porque ganhou bolsa de estudos, mas não descansou enquanto não foi estudar medicina. Na bioquímica descobriu que a proteína de certos alimentos pode desencadear reações alérgicas e inflamatórias, que se transformam em processos degenerativos quando os tecidos estão afetados por lesões como as causadas por parasitas e toxinas. Ao longo de 40 anos de clínica, para ele ficou claro que o câncer é uma forma avançada desse mesmo tipo de reação.

Na indústria médico-farmacêutica, drogas são desenvolvidas para conter o câncer interferindo quimicamente na absorção ou organização das proteínas. A dieta do dr. Barcellos entrega o poder ao paciente: basta ele não ingerir os alimentos que contêm determinadas proteínas para fazer estacionar ou regredir o tumor. A asma. As alergias.

DIETA & PARASITOSES

Esta tem sido minha dieta de referência desde 1995, quando conheci o dr. Barcellos. Logo publiquei um pequeno livro sobre seu trabalho (www.correcotia.com/cancer) e percebi que precisava fazer uma publicação sobre vermes, já que a vermifugação persistente era essencial em sua estratégia clínica para reverter câncer, asma, alergias em geral e algumas doenças crônicas e degenerativas. “Você pode fazer a dieta para sempre que não vai ter sintomas”, dizia ele aos pacientes , “mas a dieta não é o tratamento.” E mandava fazer exames de fezes de 10 em 10 dias, até dar positivo. Aí travava as parasitoses encontradas e acompanhava os exames, de sangue e de fezes, até se dar por satisfeito.

Na época eu ainda tinha muitas reações alérgicas e a dieta me livrou delas. Inesperadamente, me livrou também da perspectiva de um mioma. Ultrassonografias do útero feitas ao longo dos quatro ou cinco anos anteriores mostravam crescente espessamento do endométrio, a membrana que reveste o interior do útero, que aparecia aumentado. Com a dieta ele voltou ao tamanho normal e assim ficou.

Em 1997/1998 escrevi o Almanaque de Bichos que dão em Gente (www.correcotia.com/vermes), que ampliou muito a minha compreensão sobre os caminhos do dr. Barcellos. Tratei amebíase e outras parasitoses e eliminei, com compressas de argila e sementes de abóbora, larvas de tênia localizadas na cabeça, nas costas e nas pernas.

QUESTÃO DE PONTO-DE-VISTA

“Não é feia”, disse a dermatologista homeopata Silvia Flaksman quando fui lá, outro dia, mostrar uma pereba. “Tudo em você sai na pele, isso é uma bênção!”. 

“Tudo” pode ser muita coisa. Frutos do mar me deixam manchas vermelhas que depois ficam escuras; carne de porco, às vezes, também, ambos sabidamente alergênicos; tofu, na fase macrô, me engrossava a pele dos cotovelos; e sou sardenta.

A bênção: coisas que aparecem na pele podem ser, e geralmente são, eliminação concentrada de toxinas. Esta é uma das funções da pele: deixar sair. Pode-se ajudar nessa limpeza de muitas formas, por exemplo usando emplastros de argila ou inhame.

Tirar fora ou bombardear quimicamente qualquer pequena anomalia dos tecidos, internos ou externos, é uma prática invasiva que vem sendo denunciada por eminentes médicos e cientistas do mundo inteiro. Muitas vezes aquele conjunto de células destrambelhadas não vai causar qualquer mal; será substituído naturalmente por um conjunto de células boas e a normalidade relativa se restabelecerá. A política de “detecção precoce” do câncer, chamada erroneamente de prevenção, acaba levando a uma epidemia de diagnósticos imprecisos e tratamentos desnecessários, prejudiciais à própria saúde.

Tudo muda o tempo todo. O imprevisível acontece também do jeito bom. Em 21 dias o sangue se renova e começa a trabalhar a favor do corpo, um sistema autorregulável que se recupera facilmente em condições propícias.

MAS E A DIETA?

Dureza é constatar que os alimentos implicados na dieta do dr. Barcellos são comuns demais na nossa rotina alimentar. 

Feijão, por exemplo, brasileiro come todo dia. Hipócrates, o pai da medicina ocidental, já dizia: “São tão ricos os feijões que poderíamos viver só deles, mas tão tóxicos que só podem ser comidos com algum cereal”.

Leite, queijo, iogurte, manteiga e outros laticínios, bem como bolos, biscoitos, pães e tortas preparados com eles, são quase regra no café-da-manhã, no lanche, no fast-food. Muitos velhinhos vivem de leite e biscoitos – mal, é claro. Além de sua proteína ser desenhada para o crescimento de quadrúpedes ruminantes, o leite pode conter resíduos de substâncias tóxicas e carcinogênicas altamente indesejáveis, como metais pesados, pesticidas e antibióticos.

Batatas? Meu Deus! O mundo é feito de batata-frita, batata-assada, batata cozida, purê de batata, fécula de batata, pão de batata. Uma greve de batatas seria a revolução na cozinha. Entretanto, apesar de ter salvado a Europa da fome, a batata-inglesa é conhecida por aumentar dores artríticas e musculares, entre outras, além de elevar rapidamente o nível de glicose no sangue.

Carnes de porco, lagosta e camarão, a Bíblia já dizia para não comer e há muitos casos de edema de glote e outras reações alérgicas graves devido a elas. Mas povos saudáveis, como os chineses, comem bastante carne de porco - devem ter um segredo qualquer, um modo regular de eliminar as toxinas, eles que entendem tanto disso.

Aveia, abacate, castanha-portuguesa e vitamina C sintética completam a lista das proibições. Doem menos.

– Nossa, mas não sobrou nada!, exclamam as pessoas. – O que é que vamos comer?!

Sobra muita, muita coisa no grande universo de alimentos. Quem sabe chegou a hora de mudar o padrão e fazer novas descobertas?

Não há nada a perder, nem efeitos colaterais indesejáveis. É simples demais para não tentar.

NÃO PODE COMER:

. leite e todos os derivados, queijo, iogurte, kefir, etc, e qualquer coisa feita com eles

. leguminosas: feijões secos e verdes de todos os tipos, vagem, ervilha, grão-de-bico, lentilha, favas, tremoços, soja e seus derivados e qualquer coisa feita com proteína ou leite de soja; amendoim, que é um tipo de feijão

. carnes de porco, lagosta e camarão

. tubérculos: batata-inglesa, batata-doce, mandioca/aipim/macaxeira, batata-baroa/batata-salsa/mandioquinha 

. aveia

. abacate

. castanha portuguesa

. vitamina C sintética

O QUE PODE: (atualizado em 1/1/13 às 20:37)

. leite de coco, de amêndoas, de castanhas, de arroz

. óleo virgem de coco, azeite extravirgem de oliva, óleos prensados a frio

. quase todos os cereais: arroz, trigo, cevada, centeio, painço, quinoa, amaranto, trigo-sarraceno, milho - e suas farinhas, se possível integrais

. quase todas as carnes: gado bovino, caprino e ovino, aves, peixes, ovas de peixe, caldo de rã (só o caldo)

. ovos de galinha orgânicos

. todas as raízes: cenoura, nabo, bardana, rabanete comprido

. os cormos: inhame, taro, cará (não são tubérculos, que o dr. Barcellos proíbe)

. todos os frutos: abóboras, abobrinhas verde e menina, chuchu, pepino, tomate, pimentão, beringela,
quiabo, maxixe, jiló, cará-moela

. rodos os rizomas: gengibre, cúrcuma (açafrão-da-terra)

. todos os bulbos: cebola, alho, funcho/erva-doce, aipo/salão, alho-poró, nabo, rabanete, beterraba, couve-rábano

. todos os caules e medulas: aspargo, palmito, broto de bambu

. todas as folhas: acelga, alface, chicória, agrião, mostarda, escarola, rúcula, espinafre, vinagreira, almeirão, bertalha, catalona, couve-chinesa, dente-de-leão, serralha, salsa, coentro, nirá, cebolinha, hortelã, caruru, bredo, ora-pro-nóbis, beldroega, shissô, manjericão, taioba, couve, repolho, couve-de-bruxelas, brócolis, couve-flor, e ainda as folhas de cenoura, nabo daikon, aipo, alho-poró e outras muitas   

. as flores: brócolis, couve-flor, alcachofra, capuchinha, flor de abóbora, flores de ipê

. os brotos: de qualquer semente orgânica que não seja leguminosa – trigo, alfafa, trevo, nabo,
abóbora, girassol

. todos os cogumelos

. as sementes: gergelim, girassol, abóbora, nozes, castanhas, amêndoas, coco, pupunha (não amendoim)

. os alimentos que evitam e combatem infecções parasitárias: inhame, cenoura, cebola, maxixe, agrião, alho, salsa, cebolinha-verde, coentro, nirá, hortelã, mastruz, erva-de-santa-maria, couve, abóbora e suas sementes, coco, amêndoa, óleo de gergelim, raiz-forte, trigo-sarraceno, arroz cru, sementes de mamão

. os temperos que alimentam e curam: alho, cebola, cebolinha, salsa, coentro e suas sementes, salsaparrilha, orégano, tomilho, manjericão, sálvia, alecrim, hortelã, cominho,  gengibre, cúrcuma, zimbro, noz-moscada, cravo, cardamomo

. todas as frutas, exceto abacate

TAMBÉM PODE, COM JUÍZO

. pipoca

. chocolate amargo ou meio-amargo que não leve leite ou soja, de boa qualidade

. biscoitos e cookies integrais de farinha de trigo sem leite nem soja

. bolo feito com leite de coco em lugar de leite e manteiga

. frutas em compota ou calda, doce de abóbora

…e outras guloseimas sensatas. 

Evitar excessos em geral, especialmente de produtos industrializados e farináceos.

ENCARANDO E +

O problema com as dietas é um só: não se render à primeira tentação. Isso exige disciplina, que deve estar ancorada numa boa motivação.

Tratar os vermes, ao iniciar a dieta, é muito importante para ajudar. Eles influem muito em nosso comportamento; estão por trás de grande parte das compulsões alimentares e de distúrbios emocionais recorrentes, como ansiedade e depressão.

Entrei nessa dieta de novo há dois meses porque estava gordinha, sentindo o abdome inchado.  Trabalho a musculatura abdominal há muitos anos e senti a capacidade de contração diminuída, pesada. Inflamação incha, vocês sabem, e o que as proteínas irritantes produzem no princípio é um estado de inflamação nos tecidos – especialmente nos intestinos, o que faz a barriga se expandir.

Pois bem: com 40 dias de dieta meu corpo começou a voltar ao normal. Perdi a aversão ao espelho que vinha tendo. A autoestima subiu. Fiquei feliz. Recuperei roupas. Mais uma vez coloquei à prova as coisas em que acredito, e como se vê, deu certo – é assim que vou continuar comendo por alguns meses mais.

Até porque o período de festas sempre me faz sair do sério.

Só eu?

BENVINDO 2013!

Saúde, felicidade e vida longa para todos. E muitas sementes de saúde e felicidade também.



quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Sem luz, sem telefone, sem conexão...

Queridas e queridos,

dezembro e janeiro são assim aqui na roça: chove, venta, cai raio, cai a rede, volta, vai embora de novo. Conexão, só no iPad, com 2 barrinhas. Dá pra email mas não dá para abrir o blog. Nem o facebook.

Por horas, ou dias, o mundo volta a ser o que era antes da eletricidade mudar tudo. Eu até que gosto, apesar de ficar aflita com os comentários sem resposta. Mas para tudo há um tempo, e o de responder a eles também chegará.

Fico aqui na calma, desejando a todos um grande final de ano e ótimo recomeço.

E até a volta - da luz, do telefone, da conexão e da vida como ela é...

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Alô alô, Recife: Entrevista no portal Flores no ar

"Precisamos recuperar a autonomia relativa à saúde fundamental – comer bem, dormir bem, fazer exercícios, respirar um ar puro, beber uma água limpa, ter relações sinceras com os outros". 

ler a entrevista de Luciana Rabelo

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Convulsões em criança: Raquel Ribeiro conta novidades




Raquel Ribeiro e a filhota Chantal numa praia de João Pessoa, foto do feliz marido e pai

Na primeira semana de agosto de 2012, acordei com minha filha de quase cinco anos tendo uma convulsão. Vivi meu pior pesadelo: uma cena assustadora, não sabia o que estava acontecendo, tive pânico de ela não voltar – ou voltar com sequelas. No pronto socorro, mandaram para o raio-X e deram soro, apesar de garantirmos que ela não tinha caído ou batido a cabeça. Também não estava com febre, nem com o mais leve resfriado! Ou seja, a convulsão ocorreu sem absolutamente nenhum motivo. Procuramos um neurologista que pediu uma série de exames (que, após realizados, não indicaram nenhum problema) e receitou um anti-convulsionante que deveria ser tomado por ao menos 18 meses, o trileptal (também usado para tratar transtorno bipolar). Confiamos e relaxamos. Mas, dois meses depois, o episódio se repediu. Procuramos um dos neuropediatras mais conceituados (e caros) de São Paulo. Ele confirmou o diagnóstico e tratamento do primeiro especialista, pediu para repetir um eletro e mandou aumentar a dose do trileptal. Aumentamos. 

Mesmo medicada, nossa menina teve mais cinco crises em um período de quatro meses; e a recomendação era sempre a mesma: 700 reais a consulta de 20 minutos para receitar “aumentem a dose diária do remédio”.

Desanimados com a medicina acadêmica convencional (que se limitou a pedir exames e “acertar” a dose dos remédios na base da tentativa e erro), partimos atrás de tratamentos alternativaos, indicados por amigos e conhecidos – pois sempre que contávamos sobre as convulsões, ouvíamos outras histórias, recebendo novas informações e mil palpites.

Primeiro consutamos um terapeuta sensitivo mais para esotérico, que não apontou a causa e indicou florais e compressas de argila. O segundo, o experiente pediatra Julio Govinda, por telefone ja nos encheu de esperança. Saímos rumo a São Bento do Sapucaí, onde fomos recebidos em sua casa. Por quase duas horas ele escutou nossa história com atenção – fez questão que minha filha ouvisse tudo (para saber o que estava acontecendo e ter participação na própria cura) – e falou sem melindres. Insistiu que quadros de epilepsia como aquele costumam ser decorrentes da cesárea (principalmente por causa da longa e dolorosa separação da mãe nos primeiros minutos de vida do bebê), de metais contidos nas fórmulas das vacinas (como o alumínio), e dos corantes e outros aditivos químicos presentes em alimentos e cosméticos industrializados. No final, receitou um composto homeopático e a administração de uma infusão feita da semente moída da trepadeira dioclea violácea* (conhecida como olho-de-boi ou coronha), tomada três vezes ao dia; além de uma dieta: nada de tomate, berinjela, batata, alho e cebola, que contém elementos excitantes do sistema nervoso. Ficaram de fora também carnes, laticínios e ovos. Ele garantiu que a semente cumpriria a mesma função que o trileptal, deprimindo os picos das ondas cerebrais até, em médio prazo, normalizar essas frequências, mas sem os efeitos colaterais do remédio. Fomos instruídos a reduzir gradualmente a dose do trileptal (eram 5 ml duas vezes ao dia) até eliminar totalmente a medicação e ficar apenas com a semente. 



A consulta foi em março de 2012. Desde que passou a receber as doses da semente, nossa menina teve apenas duas crises. Uma no finalzinho de abril (quinze dias antes de retirar totalmente o trileptal) e outra em setembro. Foram as mais brandas de todas as crises e, pela primeira vez, sem perda de consciência e sem convulsionar. Segundo Júlio, ótimo sinal: significa que o cérebro está se reformatando :)
Superconfiante, esse médico nos pareceu igualmente confiável. Em mais de 40 anos de trabalho, salvou e melhorou a vida de muita gente. Segundo ele, a mesma semente trata outro males, como Parkinson! Ah, toda quarta-feira ele atende em São Jose dos Campos, numa salinha simples ao lado de um bom restaurante vegetariano e um empório com mil delicias saudáveis.
Partilho nossa história, pois sei o desespero que provoca uma cena de convulsão. Nos sentimos impotentes e ficamos vulneráveis, a mercê dos médicos e da indústria farmacêutica. Encontrar o dr. Julio Govinda foi uma luz no fim do túnel!
Raquel Ribeiro, jornalista
* Bot. (Nesta acp., com hifens: olho-de-boi) Trepadeira da fam. das leguminosas, subfam. papilionoídea (Dioclea violacea), originária da Guiana e do Brasil, de flores purpúreas e vagens com grandes sementes.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Alô alô, Recife: Deixar sair e Alimentar o corpo e a mente


19 a 21/11 - 19 a 22h
O curso Deixa Sair, como já diz o nome, é uma oportunidade para olhar de perto não só o que se come, mas também o que se descome: fezes, urina, suor, espinhas, emoções, pensamentos ~ tudo tem relação com o conteúdo dos intestinos. A vida pode estar uma bagunça porque ali dentro reina o caos. A partir da observação diária das eliminações se pode ampliar o autoconhecimento, nossa principal ferramente para manter a saúde.

23 a 25/11 (6a à noite, sábado de manhã e à tarde, domingo de manhã)
Alimentando o Corpo e a Mente será um trabalho em parceria com Henrique Lemes, mestre budista que vai ensinar a meditação da atenção e purificação emocional; e eu vou enveredar pelo caminho taoista dos cinco sabores ~ doce, salgado, ácido, amargo e picante ~ que têm diferentes funções na comida de cada dia e influem na disposição física e mental.

Já sei que será um período intenso de trocas e convivência com pessoas entusiasmadas. Chegue mais!

Onde? No Libertas Socializante, Rua Rodrigues Sete 158, Tamarineira.

Informações e inscrições antecipadas com desconto: www.shenweb.com.br

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Prevenção do câncer: Palestra de Susana Ayres em Brasília


A Susana Ayres, vocês sabem, é minha amiga querida do fundo do coração, e companheira de pesquisas há 15 anos. Quando nos conhecemos eu tinha acabado de escrever o livro sobre a dieta do dr Barcellos contra o câncer (e todas as alergias) e conversamos muito. As ideias dele faziam sentido para nós duas. Susana começou a observar a relação entre a alimentação dos pacientes e os sintomas, as dores. Batia com o que ele afirmava. Com pequenos ajustes na alimentação, os tumores estacionavam ou regrediam.

E aí emburacamos pelos vermes, segundo ele o fator mais comum de lesões com células cancerosas que passam a se multiplicar rapidamente quando há disponibilidade de certas proteínas. Susana e eu trocamos mil ideias, estudamos, amadurecemos. Acabei escrevendo o Almanaque de Bichos que dão em Gente no clima de bom humor bendito que sempre caracterizou nossas conversas. Falo dela no livro.

Formada em Fisioterapia e Acupuntura, com muitos cursos de massagem, fitoterapia e outras artes de tratamento e alívio, Susana busca conjugar os conhecimentos ocidentais e orientais em benefício do paciente. Entende de alimentação. E é especializada em avaliação energética, inclusive de parasitoses. Mas isso vocês sabem, porque falo muito do trabalho dela no blog. Ou não sabem? Uma amostrinha: http://www.soniahirsch.com/2010/09/detox-susana-ayres-e-os-tres-niveis-de.html

Então... Susana fará uma palestra em Brasília AMANHÃ, 6a feira, 26/10/2012, às 19h, sobre câncer e alimentação. Os tópicos: Alimentos que favorecem o câncer, Intoxicação e câncer e Atitudes para desintoxicar.


Quem for lá, dá um beijo nela por mim?

LOCAL: SEBINHO, SCLN 406, BLOCO C, LOJA 44
BRASILIA, DF

SITE: susanagigoayres.com.br

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Leonardo Boff: Comer juntos nos torna mais humanos

"Nutrir-se nunca é uma mecânica biológica individual. Consumir comensalmente é comungar com os outros que conosco comem. É comungar com as energias cósmicas que subjazem aos alimentos, especialmente a fertilidade da terra, o sol, as florestas, as águas e  os ventos.

Em razão deste caráter numinoso do comer/consumir/comungar, toda comensalidade é de certa forma sacramental. Embelezamos os alimentos, porque não comemos só com a boca mas também com os olhos. O momento do comer é um dos mais esperados do dia e da noite. Há a consciência instintiva e reflexa de que sem o comer não há vida nem sobrevida, nem alegria de existir e de coexistir."
Leia o artigo na íntegra: http://www.ihu.unisinos.br/noticias/514527-comensalidade-passagem-do-animal-ao-humano

domingo, 7 de outubro de 2012

Viver melhor: O corpo se regula se a gente deixar

Aprendi uma idéia nova:
auto-regulação.

Sempre soube que o corpo
é um sistema auto-regulável
que expressa suas necessidades
e procura satisfação – se está
desidratado, manifesta sede;
se está cansado, encosta, ou senta,
ou deita; se está com calor
procura a sombra, tira a roupa.

Auto-regulação, portanto, é uma
característica do corpo de buscar
o equilíbrio através de movimentos
muitas vezes imperceptíveis.

Comeu muito açúcar? O corpo tira
cálcio das reservas para neutralizar
a acidez que o açúcar provoca.
Andou de sandália nova?
O corpo faz uma bolha d’água
para proteger o dedo e acumular
material que reponha a pele,
talvez em várias camadas calosas,
se você insistir na sandália.

Até aí, nada de novo.

A grande novidade, para mim,
é pensar que o corpo se auto-regula
também em relação a emoções.

Produzindo lágrimas, por exemplo, quando se sente triste.
Ou rubor nas faces ao se perceber alvo de uma atenção
especial. Suando fedido apesar do desodorante, se a
situação é de ansiedade e há muita adrenalina circulando.
Isso quer dizer que a emoção encontra uma forma concreta
de expressão que ao mesmo tempo é uma descarga, uma
forma de liberar a tensão que aquela emoção provoca.

E é nesse ponto que a coisa começa a ficar mais
interessante. Veja só: alguém que está auto-regulado
usufrui de um estado de prazer, satisfação, integração
consigo mesmo e com o meio ambiente. O corpo
digeriu emoções e alimentos e voltou ao estado de
equilíbrio, que vai durar até que algo aconteça –
do lado de fora, como um repentino vento frio, ou
do lado de dentro, como a vontade de ir ao banheiro.

Mas vamos supor que não seja possível sair do vento,
não seja possível ir ao banheiro. O corpo vai reagir
como? Criando mecanismos de contenção para lidar
com a impossibilidade: contrai a musculatura, respira
menos. Com isso o fluxo de energia corporal fica mais
lento, ou mesmo bloqueado. Quando for possível
encontrar abrigo e alívio, o corpo também vai poder
relaxar e recuperar seu estado de prazer.

A grande encrenca acontece se a auto-regulação não se der.
Por exemplo, uma criança fica triste e chora. Mas de tanto
ouvir a mãe dizer para não chorar, cria uma retenção,
bloqueia o choro, e com isso o corpo não pode se autoregular.
Há um engarrafamento de energia ali, a respiração
piora, os músculos se ressentem, os fluidos não circulam
livremente. A emoção já passou há muito tempo
e a retenção continua.

– De tanto não fazer o que precisaria para atender
a um processo de auto-regulação, o organismo
deixa de ser saudável, se torna neurótico,
diz Julia Andrade, terapeuta que trabalha
com a linha biodinâmica, estetoscópio
em punho. O que ela escuta com ele:
o movimento dos fluidos na barriga.

– É o psicoperistaltismo, explica. – O sinal de que
o organismo é saudável se identifica através de sons
na área baixa do abdômen, como os de um rio passando.
Essa fluência indica que o corpo está sendo capaz de
regular e dissolver produtos de pressão e tensão emocional.

É uma segunda função do intestino:
além de processar os alimentos,
separando o que vai para o sangue
do que vai para fora, ele também
“digere” as emoções.

Julia observa que na nossa cultura se valoriza muito o fazer,
trabalhar, produzir: uma pessoa acha que está bem quando
tem muitas atividades.

– Mas na perspectiva da auto-regulação
se dá importância a chegar em casa,
relaxar, saborear a experiência do dia,
dar um tempo entre uma situação e outra.
Antes de começar uma nova atividade, ter certeza de que
digeriu a anterior. Perceber quando é preciso descansar.
Escolher o que dá mais prazer em vez do que os outros
acham que é bom. E sentir confiança nos processos
corporais de descarga, como chorar, desabafar, gritar,
bocejar, rir, soltar gases, gemer, cochilar, enfim: tudo o que
pode trazer de volta a respiração calma, a fluidez dos
líquidos do corpo, o prazer.

Fundamental, diz Julia, é não ficar acumulando raiva,
frustração ou qualquer outra emoção difícil, nem fazer de
conta que não sentiu: pode até segurar na hora porque a
sociedade e a cultura exigem, mas depois tem que expressar
para dissolver. Seja na massagem, na caminhada, na terapia,
dançando na discoteca, conversando com algum amigo ou
na happy hour antes de voltar para casa. É o momento
para falar, rir da situação, reclamar, falar mal do chefe...

E você, já deu sua auto-reguladinha hoje?

(Crônica do livro Meditando na cozinha, republicada hoje para a leitora Elis Melo em nome de todas as mulheres estressadas do mundo)

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Primavera: Sopa de arroz do Pai José para deixar sair

É como um rosto que de repente fica nítido na multidão, a brisa que começa a soprar naquele instante, algo que surge inesperadamente e já faz toda a diferença – ipês-roxos pela cidade inteira, montes de buquês lindos se oferecendo! Pode ser mais primavera?

Chega assim sem avisar e vai logo entrando pelos olhos, encostando na pele, trazendo cheiros no vento, dando vontades... Recria-se a vida. Samambaias dão mais lagartas, insetos recomeçam a cortejar lâmpadas, gatas entram no cio, humanos também. Rolam sarampos, cataporas, tosses compridas, gripes e resfriados; o corpo está pondo fora outros tipos de flor. Tudo o que serviu no inverno para reter calor já está sobrando. Eis um momento perfeito para perder aqueles quilinhos que a gente ganhou comendo demais – porque estava tão frio...!

Como conseguir isso? Também comendo, claro. Principalmente caldos e sopas, para lavar tudo por dentro e desintoxicar. A maior parte das doenças acontece justamente porque vamos deixando acumular toxinas, até não termos mais sensibilidade para discernir entre o bom e o ruim. Boa notícia: em poucos dias de dieta já dá para sentir um corpo novo, a cabeça leve, e o discernimento volta com a consciência do bem-estar.

A sopa de arroz do Pai José
é campeã das dietas, porque limpa, emagrece e não dá fome.

ingredientes
1 xícara de arroz integral cru
16 xícaras de água
6 dentes de alho
3 cebolas médias
6 talos de aipo com as folhas
um alho-poró também com as folhas
12 ou mais folhas de bertalha
e ainda hortelã, cebolinha, salsinha, manjericão, hortelã ou coentro ou qualquer outra folhinha verde comestível – valem os trevinhos dos vasos na varanda.

modo de fazer
Ponha o arroz para cozinhar naquele montão de água,
de preferência em panela grossa, de pedra-sabão, barro ou ferro esmaltado; quando ferver abaixe o fogo, tampe e deixe cozinhar por 2,5 horas,
mexendo de quando em vez. Se for o caso acrescente água.

Corte a cebola em gomos,
o aipo e o alho-poró em fatias grossas diagonais,
descasque os dentes de alho. Coloque na panela onde está a papa de arroz
e deixe ferver mais 30 ou 40 minutos, com mais água se necessário.
Ao apagar o fogo misture as folhas de bertalha.

Sirva com uma colher (chá) de missô em cada porção
e verdinhos frescos por cima. Pode comer à vontade.
Substitui ao menos uma refeição por dia, com resultados maravilhosos.

Por quê?

Primeiro porque o arroz integral cozido longamente,
às vezes a noite inteira, é o alimento mais medicinal que existe:
fácil de digerir, fortalece o princípio vital e o sangue,
harmoniza o sistema de aquecimento do corpo,
suaviza os intestinos e ajuda a eliminação de toxinas
através da urina. (Contraindicação: quem
já urina muito não deve tomar essa sopa.

O alho é uma cornucópia de virtudes para a saúde.
Espanta vírus, fungos e outros hóspedes indesejáveis,
desengordura, tonifica, relaxa, faz bem ao fígado e
às glândulas, limpa o sangue.

A cebola não fica atrás: também é antisséptica,
limpa e regulariza os rins e a bexiga, baixa a glicose no sangue,
ajuda a absorver oxigênio.

O alho-poró reforça o alho e a cebola e dá um sabor especial.

O aipo, ou salsão, estimula a digestão e os intestinos, limpa os rins, alivia o reumatismo, acalma, nutre e tonifica; suas folhas têm um tipo natural de insulina.

E as folhas de bertalha são riquíssimas em cálcio, ferro, magnésio, clorofila e outras preciosidades, e ainda lubrificam os intestinos. Se não conseguir, pode substituir por chicória, cozidinha à parte em pouca água.

Boa primavera – boa reciclagem!

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Agenda paulista: Alô Campinas, Indaiatuba, São Paulo



O expresso da primavera me leva para Campinas esta semana, onde faço,
dia 23, domingo, às 15:30, uma palestra na Feira do DNA Social,
organizada pelo Grupo GiraSonhos na Casa do Lago, campus da Unicamp.

Dia 26, 4a, às 19:30, volto ao salão do SISNI, em Indaiatuba, com os temas da primavera:
deixar sair, limpar os canais, aliviar o fígado e cultivar a paciência, entre outras coisas boas.
Informações e reservas: 19 3312-2527, 9222-2007, 9603-7064

Dia 27, 5a, ao cair da tarde, vou me encontrar com o Grupo Samaúma – mulheres, mães e profissionais apaixonadas pelas vivências de gestação, parto natural e maternidade,
“momentos singulares que devem ser vivenciados em sua plenitude”.
Vamos falar de alimentação na gestação, na amamentação e no desmame.

Dia 29, sábado, em São Paulo, o espaço é o Parque da Água Branca e quem convida é a
Feirinha da Associação de Agricultura Orgânica, AAO para os íntimos.
Chego às 9h para estar com as pessoas e fazer umas comprinhas, que ninguém é de ferro,
e às 11h começa a palestra Deixa sair.


Apareçam!

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

FRANGO KORIN: COM EDEMA?



Deixei de comer frango comum há muitos anos, alerta ao risco de ingerir substâncias químicas que fazem o frango crescer e agem em nós como hormônios, fazendo o corpo inchar, os seios doerem com pontadas, a tpm torturar a alma. Não me espantaria saber que nos homens dão problema de ereção e aumentam os seios.

Os frangos Korin, produzidos pela granja ligada à Igreja Messiânica, que tem ótimas posições em relação à saúde física e mental, surgiram como boa alternativa aos caipiras legítimos, raros e caros. Passei a comprá-los, aqui e ali, em alguns supermercados. Apesar de coxas que parecem peito e peito mais sem graça ainda, pelo menos a embalagem diz que são produzidos sem antibióticos e promotores de crescimento.


Sempre preparo do mesmo jeito: descongelo, tempero, asso com tampa ou sem ela, de vez em quando refogo. Quando é frango inteiro separo asas, pescoço, pés e carcaça para fazer canja longamente cozida. Tudo como todo mundo faz.


Pois bem: outro dia comprei o frango, fiz a canja, assei o peito com coxas, sobrecoxas e coxinhas da asa, tudo tampado… e sobrou mais de meio litro de água no fundo da vasilha. Não entendi. E achei a carne ainda mais sem graça do que de hábito.


Fiquei pensando que aquele frango estava com edema, isto é: inchado. Como alguém que comeu muito sal e reteve líquido. Tudo bem que não era o melhor frango da marca, que agora tem um tipo orgânico certificado, mas ainda assim o preço é bem salgado (epa). 


Resolvi comprar uma bandejinha de sobrecoxas. Descongelei, temperei, assei destampado em forno médio. E ao final? Um lago no fundo da assadeira. E eu, no dia seguinte, me sentindo esquisitinha, um tanto inchada, um tanto na tpm, mesmo estando muito além da menopausa.

Alguém mais percebeu isso? O que estará acontecendo com o frango Korin?

sábado, 25 de agosto de 2012

Deu no El País: Medicamentos em busca de doenças

de: Andres Cebrian
para: Deixa sair
do jornal espanhol El País, 9 julho 2012
autora: Milagros Pérez Oliva

Dois grandes laboratórios farmacêuticos, GlaxoSmithKline e Abbott, aceitaram nas últimas semanas pagar multas astronômicas por ter incorrido em práticas graves na promoção e venda de medicamentos. Ambas as companhias se reconheceram culpadas e fizeram acordos extrajudiciais para evitar males maiores, caso os processos chegassem a juízo. Essas más práticas incluem vender medicamentos para patologias para as quais não são indicados, pagar presentes e subornos para que os médicos os prescrevam e, o que é mais grave, ocultar a existência de efeitos adversos.

O que está por trás dessas multas multimilionárias é a estratégia adotada por alguns laboratórios no final dos anos oitenta para incrementar os lucros, não através de novos e melhores fármacos, algo cada vez mais oneroso, e sim conseguindo novas indicações para seus velhos medicamentos. Essa estratégia inclui a criação artificial de doenças, o que em inglês se conhece como disease mongering, ou seja, a intenção, que muitas vezes dá certo, de converter processos naturais da vida como a menopausa, a tristeza ou a timidez em patologias suscetíveis de ser tratadas com drogas.

GlaxoSmithKline, a terceira maior farmacêutica do mundo, com um faturamento de 33.998 milhões de euros em 2010, terá agora que pagar 2.400 milhões de euros por ter promovido durante anos a prescrição para menores de um antidepressivo, o Paxil, autorizado unicamente para adultos pelos efeitos adversos demonstrados em pacientes jovens; por ter indicado outra droga, o Wellbutrin, para processos em que não tinha atividade terapêutica demonstrada, como a obesidade e a disfunção sexual; e por ter ocultado que um de seus medicamentos mais vendidos, o Avandia, aprovado para tratar diabetes, aumentava o risco de afecção cardíaca.

Essa foi considerada a maior fraude da história, mas não era a única. Em maio, a farmacêutica Abbott chegou a um acordo similar e aceitou pagar uma multa de 1.225 milhões de euros por ter estendido o uso de um anticonvulsivo aprovado em 1983 para tratar epilepsia e transtorno bipolar a outras patologias em que não tem qualquer eficácia provada, como a agitação dos idosos com demência senil. O laboratório pagou durante 10 anos a médicos e residências de idosos para que prescrevessem a droga. Também a Pfizer aceitou pagar em 2009 uma multa de 1.800 milhões de euros pela promoção fraudulenta de outros 13 medicamentos.

A comercialização do Paxil em 1999 é um exemplo paradigmático de disease mongering. Até este momento de reconhecia como entidade patológica a a agorafobia, um transtorno muito severo cujos portadores são incapazes de sair de casa e quando o fazem podem sofrer ataques de pânico. O lançamento do Paxil se centrou em uma nova entidade, a fobia social, que dava muita margem já que podia abranger desde formas leves de agorafobia à simples e rasa dificuldade para falar em público. Paxil se apresentou com grande presença na mídia como a pílula da timidez e o laboratório elegeu para seu lançamento na Europa a cidade de Londres, capital do reino onde, segundo a propaganda, há mais tímidos.

O Paxil era na verdade um velho antidepressivo, a paroxetina, que voltava ao mercado com nova roupagem e, claro, novas indicações. Quando os foruns de saúde pública criticaram o laboratório por essa manipulação, os responsáveis culparam a imprensa pela distorção. Mas em seu discurso diante da assembleia de acionistas, o executivo responsável pelo fármaco, Barry Brand, foi muito sincero: “O sonho de todo comércio é dar com um mercado por conhecer ou identificar, e desenvolvê-lo. Isso é justamente o que conseguimos fazer com a síndrome de ansiedade social.”

Na mesma época do Paxil, um número grande de drogas conhecidas como pílulas de felicidade foram para o mercado, destinadas a nos livrar, com um glup!, das angústias, temores, fobias e frustrações que inevitavelmente nos acompanham na vida. Na maioria dos casos eram princípios ativos com eficácia demonstrada em outras patologias. (…) Assim se passou muitas vezes do velho paradigma de “doença em busca de remédio” ao mais lucrativo “remédio em busca de doença”.

Essa estratégia, objeto de muitos artigos em revistas médicas, articula-se em três fases. Na primeira se trata de identificar as patologias, próximas ou não da indicação primitiva, em que se poderia justificar de algum modo a prescrição da droga. A segunda consiste em colonizar os meios de comunicação com estudos, reportagens e entrevistas, de aparência independente, sobre a importância social da patologia a tratar, e o muito que sofrem os que a têm. Uma vez sensibilizadas a população e as autoridades sanitárias,  entra a terceira fase: oferecer a solução. Para fechar esse círculo virtuoso é importante contar, se possível, com a colaboração dos próprios pacientes.

Em 1999 o escritório da PRNews, de Nova York, contabilizou um milhão de menções ao novo fármaco Paxil, o único aprovado até aquele momento contra a ansiedade social. Uma investigação posterior do jornal The Washington Post revelou que entre 1997 e 1998 se haviam publicado mais de 50 reportagens extensas na imprensa norteamericana sobre como era terrível a ansiedade social e o muito que estava aumentando.

A esta época pertencem também os dois fármacos que melhor simbolizam os grandes sucessos dessa estratégia: Viagra e Prozac. Pouco antes do lançamento do Viagra, os problemas da disfunção erétil tiveram uma surpreendente atenção por parte dos meios de comunicação. Entre os estudos de maior eco midiático havia um revelando que nada menos de 72% dos homens entre 40 e 70 anos, nos EUA, sofriam de algum tipo de dificuldade para conseguir ereção, o que era considerado terrivelmente alarmante para os especialistas que opinavam sobre o tema. A pílula azul teve tanto êxito que não só se prescreve em casos de autêntica disfunção erétil como em muito outros para os quais de duvida que tenha alguma eficácia. Ultimamente se usa também com fins recreativos, para prolongar a ereção. As consequências desses abusos não são divulgadas com estatísticas, mas há vítimas e mortes.

Para vender Prozac, os laboratórios se dirigiam ao usuário, não ao médico

A fluoxetina, princípio ativo do Prozac, foi aprovada nos Estados Unidos em 1992. Chegou à Espanha em 1997 precedida por uma intensa e exitosa campanha que incluía menções elogiosas em obras literárias e cinematográficas. A comercialização do Prozac incorporou uma novidade: pela primeira vez os laboratórios não se dirigiam aos médicos para aumentar a prescrição, mas aos possíveis usuários. Como era de esperar, bateu o recorde de progressão de vendas de um fármaco. Já no primeiro ano se venderam dois milhões de unidades, a maior parte às custas da Previdência Social, à qual se passou uma fatura de 9.200 milhões de pesetas [9,2 bilhões].

Para se fazer uma ideia do que essa cifra representa basta recordar que o lançamento do Prozac coincidiu com a promulgação da norma que introduzia na Espanha a comercialização de genéricos e o sistema de preços de referência. A aplicação combinada dessas duas medidas deveria produzir no primeiro ano uma poupança de 8.000 milhões. O Prozac comeu a poupança.

Seguindo fielmente a pauta do disease mongering, apresentou-se também o fármaco que devia ajudar as mulheres a superar essa fase tão terrível da vida que é a menopausa, protegê-las do infarto e da osteoporose e garantir a elas pouco menos que a eterna juventude: a controvertida terapia de reposição hormonal. De novo chegou ao mercado precedida de um grande número de reportagens e informes sobre as consequências da menopausa, que não só traz calores, secura vaginal, aumento de peso e dificuldade para dormir, como graves riscos para a saúde. Vários estudos haviam mostrado que a queda de estrógenos na menopausa faz as mulheres perderem a proteção que tinham quanto ao infarto e acelera a perda de massa óssea. Tudo isso estava certo, mas não era tanto que a nova droga tivesse os efeitos protetores que proclamava. Apesar disso, apresentou-se como a grande panaceia.

Como aconteceu em outros países, os chefes de ginecologia dos principais hospitais espanhóis convocaram a imprensa para recomendar que a terapia fosse ministrada em caráter preventivo a todas as mulheres a partir dos 50 anos e por um período de pelo menos 10. Afortunadamente, a Previdência Social não lhe fez caso.

Intensas campanhas promovem o reconhecimento de novas síndromes

Durante os anos seguintes uma série de estudos alertava sobre os possíveis efeitos adversos dessa terapia. Em 2002, quando na Espanha já a haviam tomado mais de 600.000 mulheres e nos Estados Unidos mais de 20 milhões, chegou o “jarro de água fria na eterna juventude feminina”, para utilizar a expressão com a qual o jornal The New York Times intitulou a matéria. O FDA interrompeu de chofre um estudo do qual participavam 16.000 mulheres, o Women’s Health Iniciative, que devia demonstrar todas as bondades e efeitos preventivos pelos quais se estava receitando. O estudo devia terminar em 2005, mas os resultados preliminares indicavam que o tratamento não só não tinha os efeitos protetores como a partir de 5,2 anos de tratamento aumentava o risco de surgir câncer de mama invasivo e acidente cérebro-vascular. Com o tempo se viu que o fármaco tem lá sua utilidade em casos muito concretos e muito cuidadosamente avaliados, mas nunca deve ser ministrado, como se pretendeu, como tratamento preventivo em caráter geral e menos ainda como “pílula”para combater o medo de envelhecer.

Enquanto isso, novas síndromes apareceram e são objeto de intensas campanhas para serem reconhecidas. Novos fármacos se somam à estratégia do disease mongering. A polêmica se centra agora no amplo leque dos transtornos da personalidade, da desordem bipolar e do déficit de atenção.

Efeitos adversos que não deviam vir à luz

Em 2004 se soube que a GSK havia ocultado que entre crianças e adolescentes tratados com Paxil se produzia uma taxa maior de pensamentos e condutas suicidas. Ao ser descoberta, a companhia chegou a um acordo extrajudicial e se comprometeu a publicar todos os dados de seus estudos clínicos. Enquanto isso, a investigação deste e de outros casos motivou em 2007 uma mudança legislativa nos Estados Unidos que obrigou as farmacêuticas a publicarem todos os dados dos estudos clínicos que fizeram. Essa norma permitiu descobrir que a GSK havia ocultado também dados comprometedores de seu fármaco Avandia, que se receitava para tratar diabetes.

A farmacêutica havia iniciado em 1999 um estudo secreto para averiguar se o Avandia era mais seguro que seu competidor Actos, da empresa Takeda. Os resultados foram desastrosos: não só não era mais eficaz como apresentava um risco significativamente maior de danos cardíacos. Esses resultados deveriam ter sido comunicados às autoridades sanitárias, mas, em lugar de disso, a companhia fez todo tipo de manobra para evitar que transpirassem. Uma investigação do The New York Times revelou em 2010 diversos memorandos internos entre diretores nos quais se advertia que os dados do estudo não deveriam ver, sob nenhum pretexto, “a luz do dia”.

Os riscos do Avandia foram confirmados em um estudo independente de um cardiologista de Cleveland. A GSK reconheceu que sabia dos riscos do Avandia desde 2005, mas as investigações posteriores indicam que a companhia já tinha conhecimento dos efeitos adversos não declarados desde antes de sua comercialização, em 1999, e não só permitiu a prescrição sem nenhuma advertência como fez todo o possível para ocultá-los, sabendo que havia alternativas mais seguras para os pacientes.

Manter a fatia de mercado do Avandia era uma questão estratégica para a GSK, em um momento em que seu portfolio estava órfão de novos produtos. Entre os documentos conhecidos agora figura um informe interno, no qual a companhia avaliava o custo que teria com a revelação dos efeitos adversos: 600 milhões de dólares, somente entre 2002 e 2004.

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

O impossível acontece: Justiça paraliza Belo Monte

De: Newsletter IHU Unisinos
Para: Deixa sair


Com suspensão de licenças de Belo Monte, danos devem ser reparados
Com a divulgação, nesta quinta (23), do acórdão da decisão do Tribunal Regional Federal da 1a Região (TRF1) que paralisou a hidrelétrica de Belo Monte, acompanhada de notificações ao Ibama e à Norte Energia, a empresa foi obrigada a parar as atividades sob pena de ter que pagar a multa de R$ 500 mil/dia estipulada pelo TRF1.

A informação é do Movimento Xingu Sempre Vivo, 23-08-2012.

O acórdão, que detalha os votos dos três desembargadores que decidiram pela nulidade do decreto que autorizou o projeto de Belo Monte, deixa claro que todas as licenças até agora emitidas pelo Ibama – licença prévia, licença de instalação, licenças de desmatamento, ect – são inválidas.

Segundo a sentença, a decisão visa “coibir o Ibama de praticar qualquer ato administrativo, e torna subsistentes aqueles já praticados, referentes ao licenciamento ambiental da Usina Hidrelétrica de Belo Monte (…) em decorrência da invalidade material do decreto Legislativo 788/2005, por violação da norma do art. 231 (…) da Constituição Federal (…) e da Convenção 169 da OIT, ordenando às empresas executoras do empreendimento hidrelétrico de Belo Monte, em referencia, a imediata paralisação das atividades de sua implementação, sob pena de multa coerciva, no montante de R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais) por dia de atraso no cumprimento do provimento mandamental em tela”.

De acordo com a Antonia Melo, coordenadora do Movimento Xingu Vivo para Sempre, juristas de renome avaliaram que, na vigência da decisão do TRF1, subentende-se que deve haver o desmonte das obras já feitas e a recomposição ambiental da região. Também cabem ações de indenização aos atingidos. “Vamos fazer uma consulta à assessoria jurídica do movimento para saber quais são as ações cabíveis para garantir a reparação dos danos causados às populações atingidas por Belo Monte. Como já anunciamos esta semana, entendemos que, como as licenças da usina são inválidas, a Norte Energia terá que reverter todas as ações que causaram impactos no rio, nas pessoas e no meio ambiente. É isso que vamos exigir. Finalmente a Justiça fez justiça e parou Belo Monte. Agora queremos que tudo que lembre esse projeto genocida desapareça das nossas vidas”.

Para ver o acordão na íntegra, clique em http://www.xinguvivo.org.br/wp-content/uploads/2012/08/Acord%C3%A3o-BM-42.pdf

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Audiência Pública: Saúde da Mulher | Desafios à Maternidade no Estado de São Paulo

Alô alô, Sampa e o resto do mundo, um convite importante que recebi da Ellen e repasso:
dia 29 de agosto, às 14:30, na Assembleia Legislativa do Estado de SP, haverá uma
Audiência Pública sobre saúde da mulher –– Desafios à Maternidade no Estado de São Paulo,
por iniciativa da Associação de egressos e alunos do Curso de Obstetrícia da Universidade de São Paulo – www.aousp.com.br

Auditório Paulo Kobayashi
Avenida Pedro Álvares Cabral, 201, em frente ao Parque do Ibirapuera, SP

Coordenação:
Comissão de Educação e Cultura
Comissão de Saúde
Comissão de Direitos Humanos

Pauta:
- Modelos e locais de assistência ao parto e nascimento
- Qualidade e humanização da assistência ao parto e nascimento
- Formação e inserção de profissionais para assistência ao parto e nascimento

Temas em Debate:
- Violação de direitos elementa res do ser humano e violência institucional no parto;
- Práticas intervencionistas de assistência, sem base em evidências científicas;
- Fechamento da casa de Maria (Zona Leste de SP)
- Alta morbi-mortalidade materna e perinatal;
- Altíssimas taxas de cesárea;
- Serviços publicos, direta ou indiretamente administrados pelo estado de São Paulo, não contratam obstetrizes formados/as pelo próprio Estado, na Universidade de São Paulo (USP)

O que é uma audiência pública? Porque devemos participar?

"A audiência pública é um instrumento do diálogo estabelecido com a sociedade na busca de soluções para as demandas sociais. É um espaço de conversação aberto para a co-construção de soluções para as questões apresentadas pela comunidade. Ela propicia ao particular a troca de informações com o administrador, bem assim o exercício da cidadania e o respeito ao princípio do devido processo legal em sentido substantivo.

As principais características de uma audiência pública são a oralidade e o debate efetivo sobre matéria relevante, comportando sua realização sempre que estiverem em pauta direitos coletivos.

A legislação brasileira prevê a convocação de audiência pública para realização da função administrativa, dentro do processo administrativo, por qualquer um dos Poderes da União, inclusive nos casos específicos que versam sobre meio ambiente, licitações e contratos administrativos, concessão e permissão de serviços públicos, serviços de telecomunicações e agências reguladoras. Constitui, ainda, instrumento de realização da missão institucional do Ministério Público e subsídio para o processo legislativo e para o processo judicial nas ações de controle concentrado da constitucionalidade das normas."

Por isso... Venha!
https://www.facebook.com/events/352959124784535/

Gira da Tabatinga: A língua que outros brasileiros falam

[Do site da cidade de Bom Despacho, centro-oeste de Minas Gerais]

Língua (Gíria) da Tabatinga
A gira (língua, gíria) da Tabatinga é uma língua afro-brasileira, de origem predominantemente banto. Em extinção, é falada em parte do município brasileiro de Bom Despacho. (fonte: Wikipedia)


Dona Fiota: A letra e a palavra

Texto de: José Ribamar Bessa Freire / postado em 2007

Dona Fiota. Ela é dona Fiota e pronto. Ninguém a conhece pelo nome de Maria Joaquina da Silva. Mas também quem é que chama Tiradentes de Joaquim José da Silva? Basta uma única conversa para perceber que dona Fiota é uma mulher poderosa, um personagem da história do nosso país. Tive o privilégio de ouvi-la em março de 2006, em Brasília, durante o seminário sobre as línguas faladas no Brasil, organizado pela Comissão de Educação e Cultura da Câmara dos Deputados e pelo IPHAN. Com seu charme e sua inteligência, ela cativou a todos.

Dona Fiota contou, naquele seminário, que seu pai era um baiano que vivia andando pelo mundo, no tempo do final da escravidão, que ele passou pelo centro-oeste de Minas Gerais, que foi passando e viu sua mãe no cativeiro trabalhando, fiando fio de algodão, que acenou para ela e perguntou se não arrumava uma ocupação para ele, que acabou conseguindo um serviço na roça de mandioca, que foi ficando e namorando, ficando e namorando, até que os dois se casaram, tiveram filhos, netos, bisnetos.


Os descendentes do andarilho baiano com a ex-escrava se organizaram depois de abolida a escravidão: “Quando rebentou a liberdade, minha mãe saiu lá de Engenho do Ribeiro caçando um lugar. Chegou aqui. Tudo era mato. Na subida, havia um barro branquinho. Ai foi minha mãe que deu o nome de Tabatinga. Toda vida foi Tabatinga. Desde o tempo da escravidão. Só agora é que o nome mudou pra Ana Rosa. Quero tirar esse nome de Ana Rosa”.

A história da comunidade 
Tabatinga – hoje uma área quilombola, situada no bairro Ana Rosa, periferia da cidade de Bom Despacho (MG) – foi contada por Dona Fiota aos participantes do seminário do IPHAN, mas teve de ser traduzida, porque ela falou, não em português, mas numa língua afro-brasileira, de origem banto, chamada Gira da Tabatinga, ainda hoje usada por um grupo de moradores. Foi a primeira vez que o plenário da Câmara Federal ouviu o som de uma língua minoritária de base africana, reconhecendo sua riqueza, sua função histórica e sua legitimidade.

A fala da senzala

A Gira da Tabatinga era falada nas antigas senzalas das fazendas do interior de Minas Gerais. Com ela, os escravos podiam se comunicar livremente sem o patrão entender o que diziam. A língua libertava. Dona Fiota conta: “A gente não podia falar o nome do trem. Tem assango? Não, não tem assango. Tem cambelera? Não, cambelera também não. Tem caxô? Nada de caxô. Então, minha mãe falava: ‘Catingueiro caxô. Caxô o quê? No Curimã’. Ela tava avisando que o patrão havia chegado”.



Numa entrevista a Lúcio Emílio, Dona Fiota dá detalhes sobre a formação da Gira da Tabatinga, produto do sincretismo de várias línguas africanas misturadas ao português: “Aprendi essa língua com a minha mãe. Ela falava todo dia para mim até eu aprender. Isso traz toda uma história pra gente, tanto das partes alegres, como das tristes”. Recentemente, os moradores perceberam que aquela língua que os havia libertado, estava ameaçada de extinção, porque não é mais usada por crianças e jovens, diz dona Fiota: – “Aqui no bairro é muito difícil quem fala a língua”.



Foi aí que a comunidade decidiu fortalecer na sala de aula a língua denominada Gira da Tabatinga, aproveitando a lei sancionada em 2003 que torna obrigatório o ensino de História e Culturas afro-brasileiras nas escolas de ensino fundamental e médio. Duas pesquisadoras – Celeuta Batista Alves e Tânia Maria T. Nakamura – acompanharam a luta pela revitalização da língua, que no passado foi um poderoso instrumento de resistência dos escravos e hoje é uma marca da identidade de seus falantes.

A comunidade conseguiu a promessa de que a Secretaria Municipal de Educação remuneraria uma professora da Gíria da Tabatinga. A questão era: quem daria aulas? Os moradores não duvidaram: dona Fiota. Afinal, ela era o Aurélio, o Antônio Houaiss daquela língua quilombola. Acontece que após um mês de trabalho, quando foi receber, o funcionário lhe disse:- “Ah, a professora é a senhora? Então, não vou pagar. Como justifico o pagamento a uma professora que é analfabeta?”. Dona Fiota deu uma resposta de bate-pronto, que só os sábios podem dar:

– Eu não tenho a letra. Eu tenho a palavra.

A dona da palavra

Com isso, derrubou a postura quase racista que discrimina os que vivem no mundo da oralidade. Ensinou que existe saber sem escrita; que na situação em que ela, dona Fiota, se encontra, não precisa da letra, porque usa a palavra para transmitir seus saberes, trocar experiências e desenvolver suas práticas sociais. Foi nessa língua de forte tradição oral que ela criou e educou seus filhos. É nela que hoje pensa, trabalha, narra, canta, reza, ama, sonha, sofre, chora, reclama, ri e se diverte. Dona Fiota deixou claro que não é carente de escrita, como dizem alguns letrados. Ela é independente da escrita.

Cerca de um milhão e meio de brasileiros para quem o português não é a língua materna estão, hoje, na situação de dona Fiota. Falam uma das 210 línguas existentes dentro do território nacional, 190 das quais são línguas indígenas, ágrafas, sem tradição escrita, mas que são depositárias de sofisticados conhecimentos no campo das chamadas etnociências, da técnica e das manifestações artísticas.



– Esses cidadãos não são menos brasileiros que os outros – defende o lingüista Gilvan Muller, que além dos direitos das minorias, chama a atenção para a diversidade cultural e lingüística, tão importante para o país e para a humanidade. Por isso, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), atendendo encaminhamento do então presidente da Comissão de Educação e Cultura da Câmara dos Deputados, Carlos Abicalil, organizou o seminário em 2006 para discutir como proteger essas línguas e o rico patrimônio intangível que elas representam.

Desse seminário participaram técnicos, especialistas e falantes de diversas línguas, entre as quais o Guarani, o Nheengatu, a Língua de Sinais (Libras) e até uma variedade do alemão falada no sul do Brasil chamada Hunsrückisch. Na ocasião foi criado um Grupo de Trabalho Interinstitucional formado por cinco ministérios, uma ONG e uma entidade internacional, que produziu um relatório sobre como registrar essas línguas e proteger a diversidade lingüística do país.

Sabonetes bactericidas: Jackson Morais e a cicatriz que não fechava

Rolou esse papo aqui no blog, antes tarde que mais tarde. Tenho tremores e engulhos cada vez que vejo na tv um anúncio com uma criança correndo pelo jardim e o locutor dizendo que a mãe deve banhá-la com sabonete bactericida para "protegê-la". Quando, na verdade, zilhões de microorganismos nos habitam, por dentro e por fora, na pele e nos intestinos, criando equilíbrio entre nós e o meio ambiente. Aí rolou esse papo aqui no blog...

Jackson Morais disse...
Sônia, não sei se já comentou sobre essa "moda" de sabonetes antibacterianos? Se não, tem alguma fonte confiável para falar a "verdade" sobre eles? Obrigado!

Sonia Hirsch disse...
Oi, Jackson, já falei de passagem, acho que comentando sobre candidíase. Acho um absurdo demonizar as bactérias e criar esse falso conceito de higiene quando na verdade somos parte do meio e o meio inclui tudo. Mas não adianta, né? Num mundo onde se usa "protetor de calcinha", de tão comuns que são os corrimentos, as pessoas acham que as soluções para tudo estão nas farmácias. Não tenho indicação de fonte confiável para a questão dos sabonetes, mas elas devem existir. Um abraço!

Jackson Morais disse...
Oi, Sonia. 

Obrigado pela resposta rápida. 

Bem, meu caso: tenho uma cicatriz na virilha. Ela tava abrindo sem motivo. 

Depois de vários médicos, uma me disse que poderia ser por causa do TRICLOSAN ou TRICLOCARBAN, substâncias presentes nesses sabonetes que prometem matar 99,9% das bactérias. Parei de usar o tal sabonete. 

A cicatriz se fechou. 

Mas o efeito daquelas substâncias pode ser muito mais maléfico (eles são muito concentrados nos sabonetes) podendo gerar até câncer de próstata. E o problema é que elas estão em "protetores" íntimos para mulheres, roupas, amaciantes... Tem que ler antes de comprar.

Para mais informações (em inglês): http://gizmodo.com/5934895/your-antibacterial-soap-could-be-harming-you

A médica disse que sabonetes de glicerina bastam. Não precisa inventar moda.

Sonia Hirsch disse...
Oi, Jackson, muito interessante o seu relato, dá vontade de fazer um post com ele. Posso? Um abraço! 

(Tô meio atrasada com o blog mas já já vou retomar as postagens – com pilhas de assuntos interessantes, além deste.)

Jackson Morais disse...
Oi, Sonia. Claro que pode. 

Eu não queria acreditar que aquele sabonete que prometia "ptoteção com x no final do nome" na televisão pudesse ser o que estivesse causando uma reabertura de cicatriz! 

Mas essa médica me salvou dessa dor de cabeça. Parei de usar o tal sabonete, usei água oxigenada pra limpar e Dersani pra fechar a cicatriz em 5 dias.

E hoje uso só sabonete de glicerina pra banho e lavar as mãos. A médica disse que pra limpar bem as mãos, basta cantarolar duas vezes o "Parabéns Pra Você" enquanto esfrega as mãos com sabonete que limpa bem.

 Grande abraço! 

Grande abraço para você também, Jackson. Mas, com todo o respeito, sabonete de glicerina resseca a pele de muita gente, inclusive a minha. Uso pouco sabonete. Prefiro bucha, que remove as células mortas da pele, e escova, seca e molhada. Escovinha de unhas, por exemplo, é essencial, porque muita coisa invisível fica debaixo delas. E sabonete nas mucosas das partes mimosas deveria ser proibido. Há muita mania de limpeza escondendo as sujeiras que botamos pra dentro e que fazem os buraquinhos cheirarem mal...

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Parir é natural: Governo federal apoia


Ações do Ministério da Saúde contemplam atividade de parteiras e doulas

via Lena Peres no facebook

A estratégia Rede Cegonha, lançada em 2011 pelo Ministério da Saúde, garante às mulheres o acesso ao parto humanizado no Sistema Único de Saúde (SUS). Dentre as ações desenvolvidas para humanização do parto, está a capacitação e qualificação de doulas e parteiras tradicionais. As ações previstas na estratégia visam qualificar, até 2014, toda a rede de assistência, ampliando e melhorando as condições para que as brasileiras possam dar à luz e cuidar de seus bebês com atendimento adequado, seguro e humanizado no SUS.

Para garantir uma gravidez e parto saudáveis, a gestante deve ter acesso ao pré-natal de qualidade, fazendo todas as consultas e exames previstos. Isso permite que a mulher tenha identificado o seu risco gestacional e que ela seja devidamente orientada e encaminhada ao cuidado mais indicado para cada situação. Atualmente, no país, 98% dos partos são hospitalares. Por isso, diversas ações estão sendo desenvolvidas no ambiente hospitalar para que as mulheres possam ter um parto humanizado, que significa ter uma ambiência adequada, equipes qualificadas, tecnologia disponível, direito acompanhante e tratamento digno. “É importante destacar que o parto humanizado consiste na mudança de atenção dada ao parto, com a incorporação de boas práticas”, enfatiza o secretário de Atenção à Saúde, Helvécio Magalhães.

O Ministério da Saúde considera que a participação da doula é mais um instrumento humanizador, pois ela acolhe e acompanha as mulheres na hora do parto, dando apoio emocional e incentivo não só às gestantes, mas também a seus familiares. Além disso, toda gestante que tiver o seu parto no SUS tem direito a um acompanhante de livre escolha, pois a lei federal nº 11.108 traz essa garantia e a Rede Cegonha veio reforçar esse direito por meio da qualificação das unidades de saúde. O Ministério da Saúde também reconhece que a assistência prestada pelas parteiras é uma realidade em diversos locais do país. Por isso, vem capacitando as parteiras tradicionais e desenvolvendo ações para valorizar, apoiar, qualificar e integrar o seu trabalho ao SUS, inserindo-as na Rede Cegonha.
A atuação das doulas e parteiras tem sido tema de discussões atuais, por conta de recente decisão do Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj). Magalhães lembra que as decisões de conselhos médicos locais tem foco relacionado exclusivamente aos profissionais médicos.

Fonte: Tinna Oliveira / Agência Saúde

Mais em http://www.blog.saude.gov.br/acoes-do-ministerio-da-saude-contemplam-atividade-de-parteiras-e-doulas/

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Agricultura capitalista: Todo progresso é na arte de roubar

De: Mr Brumn
Para: Deixa Sair

Foi o Marx que disse:

"A produção capitalista congrega a população em grandes centros e faz
com que a população urbana tenha uma preponderância sempre crescente.
Isto tem duas conseqüências. Por um lado, ela concentra a força-motivo
histórica da sociedade; por outro, ela perturba a interação metabólica
entre o homem e a terra, isto é, impede a devolução ao solo dos seus
elementos constituintes, consumidos pelo homem sob a forma do alimento
e do vestuário; portanto, ela prejudica a operação da condição natural
eterna para a fertilidade duradoura do solo... Mas, ao destruir as
circunstâncias em torno desse metabolismo, ela impele a sua restauração
sistemática como uma lei reguladora da produção social, e numa forma
adequada ao pleno desenvolvimento da raça humana... Todo progresso na
agricultura capitalista é um progresso da arte de roubar, não só do
trabalhador, mas do solo; todo progresso no aumento da fertilidade do
solo por um determinado tempo é um progresso em direção à ruína das
fontes mais duradouras dessa fertilidade... A produção capitalista,
portanto, só desenvolve a técnica e o grau de combinação do processo
social da produção solapando simultaneamente as fontes originais de
toda riqueza – o solo e o trabalhador."

PS - E Marx nem sabia ainda o que ia acontecer com as abelhas!

Agrotóxicos: Quem diz a verdade são as abelhas


De: AS-PTA boletim@aspta.org.br 


Para: Deixa Sair
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POR UM BRASIL ECOLÓGICO,
LIVRE DE TRANSGÊNICOS & AGROTÓXICOS
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Número 594 - 27 de julho de 2012

Ibama reavalia agrotóxicos e sua relação com o desaparecimento de abelhas
Mesmo na ausência de levantamentos oficiais, alguns registros sobre a redução do número de abelhas em várias partes do país, em decorrência de quatro tipos de agrotóxico, levaram o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) a restringir o uso de importantes inseticidas na agropecuária brasileira, principalmente para as culturas de algodão, soja e trigo.

Além de reduzir as formas de aplicação desses produtos, que não podem ser mais disseminados via aérea, o órgão ambiental iniciou o processo de reavaliação das substâncias imidacloprido, tiametoxam, clotianidina e fipronil. Esses ingredientes ativos foram apontados em estudos e pesquisas realizadas nos últimos dois anos pelo Ibama como nocivos às abelhas.

Segundo o engenheiro Márcio Rodrigues de Freitas, coordenador-geral de Avaliação e Controle de Substâncias Químicas do Ibama, a decisão não foi baseada apenas na preocupação com a prática apícola, mas, principalmente, com os impactos sobre a produção agrícola e o meio ambiente.

Estudo da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), publicado em 2004, mostrou que as abelhas são responsáveis por pelo menos 73% da polinização das culturas e plantas. “Algumas culturas, como a do café, poderiam ter perdas de até 60% na ausência de agentes polinizadores”, explicou o engenheiro.

A primeira substância a passar pelo processo de reavaliação será o imidacloprido, que responde por cerca de 60% do total comercializado dos quatro ingredientes sob monitoramento. A medida afeta, neste primeiro momento, quase 60 empresas que usam a substância em suas fórmulas. Dados divulgados pelo Ibama revelam que, em 2010, praticamente 2 mil toneladas do ingrediente foram comercializadas no país.

A reavaliação é consequência das pesquisas que mostraram a relação entre o uso desses agrotóxicos e a mortandade das abelhas. De acordo com Freitas, nos casos de mortandade identificados, o agente causal era uma das substâncias que estão sendo reavaliadas. Além disso, em 80% das ocorrências, havia sido feita a aplicação aérea.

O engenheiro explicou que a reavaliação deve durar, pelo menos, 120 dias, e vai apontar o nível de nocividade e onde está o problema. “É o processo de reavaliação que vai dizer quais medidas precisaremos adotar para reduzir riscos. Podemos chegar à conclusão de que precisa banir o produto totalmente, para algumas culturas ou apenas as formas de aplicação ou a época em que é aplicado e até a dose usada”, acrescentou.

Mesmo com as restrições de uso, já em vigor, tais como a proibição da aplicação aérea e o uso das substâncias durante a florada, os produtos continuam no mercado. Juntos, os agrotóxicos sob a mira do Ibama respondem por cerca de 10% do mercado de inseticidas no país. Mas existem culturas e pragas que dependem exclusivamente dessas fórmulas, como o caso do trigo, que não tem substituto para a aplicação aérea.

Hoje (25), o órgão ambiental já sentiu as primeiras pressões por parte de fabricantes e produtores que alertaram os técnicos sobre os impactos econômicos que a medida pode causar, tanto do ponto de vista da produção quanto de contratos já firmados com empresas que fazem a aplicação aérea.

Freitas disse que as reações da indústria são naturais e, em tom tranquilizador, explicou que o trabalho de reavaliação é feito em conjunto com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e com o Ministério da Agricultura – órgãos que também são responsáveis pela autorização e registro de agrotóxicos no país. “Por isso vamos levar em consideração todas as variáveis que dizem respeito à saúde pública e ao impacto econômico sobre o agronegócio, sobre substitutos e ver se há resistência de pragas a esses substitutos e seus custos”, explicou o engenheiro.

No Brasil, a relação entre o uso dessas substâncias nas lavouras e o desaparecimento de abelhas começou a ser identificada há pouco mais de quatro anos. O diagnóstico foi feito em outros continentes, mas, até hoje, nenhum país proibiu totalmente o uso dos produtos, mesmo com alguns mantendo restrições rígidas.

Na Europa, de forma geral, não é permitida a aplicação aérea desses produtos. Na Alemanha, esse tipo de aplicação só pode ser feito com autorização especial. Nos Estados Unidos a aplicação é permitida, mas com restrição na época de floração. Os norte-americanos também estão reavaliando os agrotóxicos compostos por uma das quatro substâncias.

Agência Brasil, 25/07/2012.

domingo, 22 de julho de 2012

Comentários: Só para membros do blog

Coisa que nunca pensei que fosse fazer: restringir os comentários apenas aos seguidores registrados. A razão também é surreal: ataque de propaganda de sites que, supostamente ou de verdade, vendem remédios os mais variados. O Google geralmente barra, mas a cópia do texto vem por email para minha caixa postal e ganha medonhas tarjas vermelhas de alerta. Como o volume aumentou muito de algumas semanas para cá, tive que tomar uma providência.

Encontrei duas alternativas: colocar um tira-teima, que acho chato, e restringir os comentários aos usuários registrados, o que me parece mais bacana. Peço desculpas aos anônimos pela morte súbita. Se alguém tiver sugestão melhor, pode mandar que eu agradeço desde já.