mas uma pesquisa no Instituto Pinel, no Rio de Janeiro,
nos anos 1990, constatou que 74% das crianças atendidas
tinham parasitose crônica.
Alguns sintomas típicos de infecção por vermes e protozoários:
memória ruim
pensamentos confusos
inquietação, agitação contínua
constrangimento, timidez excessiva
insônia, agitação noturna
depressão
apatia
angústia, sensação de opressão no peito...
A dra. Beatriz Brandão Guerra, médica, tem uma longa
experiência com parasitoses. Atende pessoas
das mais variadas classes sociais, e todas
ganham na primeira consulta um pedido de
exame de fezes. Os resultados podem
surpreender, frustrar ou confirmar suspeitas.
Mas, como ela diz, “a clínica é soberana: se o
médico acha que deve tratar, mesmo o exame
dando negativo ele trata”.
Ela vem fazendo descobertas. Por exemplo:
úlceras no trato digestivo – estômago, duodeno
– quase sempre estão ligadas a estrongilóides.
Mas sua constatação mais impressionante é a
depressão causada pela presença de amebas:
– O paciente chega reclamando da vida
e de si mesmo, negativo, vendo sempre o lado
ruim: isso é típico do portador de amebas.
Umas mais, outras menos, todas produzem
esse efeito. Dificuldade em executar tarefas que
antes executava bem, dificuldade até de gozar
as coisas boas da vida, uma conduta típica da
depressão: o paciente é o vitorioso que se torna
derrotado por causa de uma amebinha.
É só tratar dela que a depressão desaparece.
Beatriz imagina que as amebas produzam
algum tipo de toxina que age diretamente
sobre o psiquismo.
– Mas toda verminose é toxica. No primeiro
momento isso aparece como uma pequena
perturbação digestiva e você não liga; a
perturbação está lá e produz uma ligeira
variação para o lado negativo, um pequeno
desconforto. Como um pedacinho de carne
entre os dentes – não é nada, mas incomoda.
O mal é que com o tempo você acostuma.
E nós estamos tão viciados no desconforto que
nem percebemos as variações, não imaginamos
que a vida poderia ser melhor.
Ela considera que cada pessoa é um
ecossistema, que vive e interage com outros
ecossistemas. Se há uma parasitose instalada, é
porque aquele ecossistema se desequilibrou.
Como poderia não produzir mal estar?
– A presença do parasita não é inócua.
Todas as células do organismo têm
representação cerebral. O mecanismo que
capta estímulos produzidos pelo próprio corpo
está registrando o incômodo. Se você
tem toxinas, os seus sentimentos gentis
se alteram – e isso pode ser um aviso.
Seu arsenal médico para enfrentar parasitoses
é vasto: vai dos quimioterápicos mais fortes
à suavidade das dinamizações homeopáticas.
– Quando o paciente com amebíase não
aguenta um secnidazol, por exemplo, que é
violento, dou chá de alho. Três dentes de alho
de bulbo roxo, fervidos durante 3 minutos e
deixados em infusão por mais 20: tomar por
7 dias, em qualquer horário. A eficácia como
amebicida é de 88%.
Como estratégia preventiva, Beatriz recomenda
aos pacientes o uso de antiparasitários no
último período de cada estação: de 1 a 20 de
março, 1 a 20 de junho, 1 a 20 de setembro
e 1 a 20 de dezembro.
– Durante esses 20 dias, digo para tomarem
diariamente alguma coisa que pode até
ser a microdose de alho, losna, hortelã
e dente-de-leão (página 204.7). Terminado
esse período, fazer manutenção repetindo
o tratamento uma vez por semana, tipo toda
segunda-feira. Se sentirem algum sintoma
esquisito, tratar durante uma semana inteira.
Dinamização é o método de concentração
ou elevação da energia terapêutica dos
medicamentos pelo sistema da homeopatia.
Para dinamizar uma fórmula alho/losna/hortelã/
dente-de-leão, ou outra qualquer, depois de
fazer a mistura das tinturas na proporção
adequada, sem água, deve-se tirar 6 gotas,
juntar num vidrinho com 20 ml de brandy,
tampar, bater o fundo do vidro 100 vezes na
palma da mão; a dinamização estará pronta.
Daí em diante, para fazer um vidrinho de
microdose dinamizada, basta tirar 6 gotas e
diluir em 20 ml de água.
Ela lembra que a doença e a saúde vão
depender sempre do grau de imunidade
do hospedeiro, da virulência do ataque,
da quantidade de agentes patogênicos
e do ambiente em que ele está.
O resultado é a soma dos fatores.
– Felizmente, muitas vezes
a pessoa se livra da parasitose
porque a condição psíquica melhora.
Alguém que se apaixona, por exemplo:
o amor tem uma tradução bioquímica.
Ou alguém que começa a meditar:
a meditação modifica o ritmo
do cérebro, que passa a trabalhar
em ondas diferentes, e com isso muda
o metabolismo e toda a economia
do organismo, o que vai melhorar
o nível de defesa. Harmoniza
o ecossistema, onde o verme
já não fica à vontade.
(do Almanaque de Bichos que dão em Gente, 3a edição)