quinta-feira, 31 de março de 2011

Brasil melhor: Por leis que nos protejam na diferença

de Emma Ruby-Sachs | Avaaz.org



Caros amigos,

O Deputado Jair Bolsonaro não tem vergonha de se dizer racista e homofóbico em rede nacional. Precisamos mostrar que nós não somos o Brasil retrógrado e preconceituoso que ele representa. Assine a petição agora pela lei anti-homofobia para ampliar direitos contra o preconceito e violência a todos os brasileiros:

Assine a petição!

O Deputado Jair Bolsonaro deu uma entrevista homofóbica e racista chocante em rede nacional -- expondo o preconceito terrível que ainda assombra o Brasil. Enquanto já existem leis que protegem pessoas contra a descriminação, pessoas trans, gays e lésbicas ainda não tem nenhuma proteção legal.

Somente no ano passado 250 pessoas foram assassinadas por serem trans ou homossexuais. A homofobia é real e ela mata. Mesmo assim não há lei que proteja pessoas GLBT da discriminação. Ainda se pode demitir alguém somente pela pessoa ser gay e a violência homofóbica não é punida como crime de preconceito.

Vamos direcionar a nossa indignação contra o Bolsonaro em uma ação concreta, acabando com este ataque à igualdade. Vamos pressionar o Congresso a aprovar a lei anti-homofobia que irá salvar vidas inocentes e ampliar proteções para todos os brasileiros. A petição será entregue em uma marcha massiva em Brasília. Clique abaixo para assinar:

http://www.avaaz.org/po/homofobia_nao/?vl
O Brasil se orgulha em ter uma cultura aberta e tolerante, se colocando como líder na luta por proteções aos direitos humanos no mundo. Mas o nosso país é também um dos lugares mais perigosos do mundo para transexuais -- que sofrem uma violência brutal e execuções sumárias. Até mesmo o Deputado Jean Wyllys recebeu ameaças de morte por defender direitos GLBT no Congresso Nacional.

Nosso país sofre com uma mentalidade discriminatória retrógrada e perigosa que não reflete a sociedade que a maioria de nós quer.

20 Deputados já pediram investigação sobre Bolsonoro pela quebra de decoro parlamentar por racismo. Agora nós precisamos de uma lei contra crimes de homofobia e violência contra a população GLBT do Brasil. Assine a petição abaixo por igualdade e justiça-- ela será entregue em Brasilia com a ajuda dos nossos amigos do All Out e grupos GLBT brasileiros:

http://www.avaaz.org/po/homofobia_nao/?vl

A Avaaz se mobilizou contra a legislação na Uganda que queria executar gays -- e a proposta foi derrotada! Nós estamos organizando uma campanha contra a prática brutal de estuprar mulheres para "curá-las" do lesbianismo. Agora chegou a hora de nós lutarmos contra a discriminação e violência aqui no nosso país.

Com esperança,

Emma, Graziela, Luis, Alice, Ben, Iain e toda a equipe Avaaz

Leia mais:

Jair Bolsonaro dá entrevista polêmica no 'CQC', veja:
http://www.jb.com.br/cultura/noticias/2011/03/29/jair-bolsonaro-da-entrevista-polemica-no-cqc-veja/
 
Número de assassinatos de homossexuais bate recorde no País:
http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI4881858-EI6578,00.html

Grupo de parlamentares entrará com representação contra Bolsonaro por quebra de decoro:
http://oglobo.globo.com/pais/mat/2011/03/29/grupo-de-parlamentares-entrara-com-representacao-contra-bolsonaro-por-quebra-de-decoro-924120754.asp

Bolsonaro rasga Constituição a cada frase, diz movimento gay:
http://noticias.terra.com.br/brasil/noticias/0,,OI5037642-EI7896,00-Bolsonaro+rasga+Constituicao+a+cada+frase+diz+movimento+gay.html

Saiba mais sobre All Out, uma nova organização internacional de direitos GLBT:
http://allout.org/pt/index

'Estou me lixando para movimento gay', diz Jair Bolsonaro:
http://noticias.terra.com.br/brasil/noticias/0,,OI5037535-EI7896,00-Estou+me+lixando+para+movimento+gay+diz+Jair+Bolsonaro.html
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terça-feira, 29 de março de 2011

Monja Coen: Japão e kokoro, coração-mente-essência


Recebi e repasso este texto da monja Coen Sensei, que nos fala do Japão e dos japoneses através de um olhar budista, treinado como eles para conhecer e manter contato com o que é essencial na vida.

JAPÃO

Quando voltei ao Brasil, depois de residir doze anos no Japão, me incumbi da difícil missão de transmitir o que mais me impressionou do povo Japonês: kokoro.

Kokoro ou Shin significa coração-mente-essência.

Como educar pessoas a ter sensibilidade suficiente para sair de si mesmas, de suas necessidades pessoais e se colocar à serviço e disposição do grupo, das outras pessoas, da natureza ilimitada?

Outra palavra é gaman: aguentar, suportar.  Educação para ser capaz  de suportar dificuldades e superá-las.

Assim, os eventos de 11 de março, no Nordeste japonês, surpreenderam o mundo  de duas maneiras.

A primeira pela violência do tsunami e dos vários terremotos, bem como dos perigos de radiação das usinas nucleares de Fukushima.

A segunda pela disciplina, ordem, dignidade, paciência, honra e respeito de todas as vítimas.

Filas de pessoas passando baldes cheios e vazios, de uma piscina para os banheiros.

Nos abrigos, a surpresa das repórteres norte americanas: ninguém queria tirar vantagem sobre ninguém.  Compartilhavam cobertas, alimentos, dores, saudades, preocupações, massagens. Cada qual se mantinha em sua área.  As crianças não faziam algazarra, não corriam e gritavam, mas se mantinham no espaço que a família havia reservado.

Não furaram as  filas para assistência médica – quantas pessoas necessitando de remédios perdidos – mas esperaram sua vez também para receber água, usar o telefone, receber atenção médica,  alimentos, roupas e escalda pés singelos, com pouquíssima água.

Compartilharam também do resfriado, da falta de água para higiene pessoal e coletiva, da fome, da tristeza, da dor, das perdas de verduras, leite, da morte.

Nos supermercados lotados e esvaziados de alimentos, não houve saques.  Houve a resignação da tragédia e o agradecimento pelo pouco que recebiam.  Ensinamento de Buda, hoje enraizado na cultura e chamado de kansha no kokoro: coração de gratidão.

Sumimasen é outra palavra chave.  Desculpe, sinto muito, com licença. Por vezes me parecia que as pessoas pediam desculpas por viver.  Desculpe causar preocupação, desculpe incomodar, desculpe precisar falar com você, ou tocar à sua porta.  Desculpe pela minha dor, pelo minhas lágrimas, pela minha passagem, pela preocupação que estamos causando ao mundo.   

Sumimasen. Quando temos humildade e respeito pensamos nos outros, nos seus sentimentos, necessidades. Quando cuidamos da vida como um todo, somos cuidadas e respeitadas.

O inverso não é verdadeiro: se pensar primeiro em mim e só cuidar de mim, perderei.  Cada um de nós, cada uma de nós é o todo manifesto.

Acompanhando as transmissões na TV e na Internet pude pressentir a atenção e cuidado com quem estaria assistindo: mostrar a realidade, sem ofender, sem estarrecer, sem causar pânico.

As vítimas encontradas, vivas ou mortas eram gentilmente cobertas pelos grupos de  resgate e delicadamente transportadas – quer para as tendas do exército, que serviam de hospital, quer para as ambulâncias, helicópteros, barcos, que os levariam a hospitais.

Análise da situação por especialistas, informações incessantes a toda população pelos oficiais do governo e a noção bem estabelecida de que “somos um só povo e um só país”.

Telefonei várias vezes aos templos por onde passei e recebi telefonemas.  Diziam-me do exagero das notícias internacionais, da confiança nas soluções que seriam encontradas e todos me pediram que não cancelasse nossa viagem em Julho próximo.

Aprendemos com essa tragédia  o que Buda ensinou há dois mil e quinhentos anos: a vida é transitória,  nada é seguro neste mundo,  tudo pode ser destruído em um instante e reconstruído novamente.

Reafirmando a Lei da Causalidade podemos perceber como tudo  está interligado e que nós humanos não somos e jamais seremos capazes de salvar a Terra.  O planeta tem seu próprio movimento e vida.  Estamos na superfície, na casquinha mais fina.  Os movimentos das placas tectônicas não tem a ver com sentimentos humanos, com divindades, vinganças ou castigos.  O que podemos fazer é cuidar da pequena camada produtiva, da água, do solo e do ar que respiramos.  E isso já é uma tarefa e tanto.

Aprendemos com o povo japonês que a solidariedade leva à ordem, que a paciência leva à tranquilidade e que o sofrimento compartilhado leva à reconstrução.

Esse exemplo de solidariedade, de bravura, dignidade, de humildade, de respeito aos vivos e aos mortos ficará impresso em todos que acompanharam os eventos que se seguiram a 11 de março.

Minhas preces, meus respeitos, minha ternura e minha imensa tristeza em testemunhar tanto sofrimento e tanta dor de um povo que aprendi a amar e respeitar.

Havia pessoas suas conhecidas na tragédia?, me perguntaram. E só posso dizer : todas.  Todas eram e são pessoas de meu conhecimento.  Com elas aprendi a orar, a ter fé, paciência, persistência.  Aprendi a respeitar meus ancestrais e a linhagem de Budas.

Mãos em prece (gassho)

Monja Coen

sexta-feira, 25 de março de 2011

Radiação atômica? Nem precisa: agrotóxicos já estão no leite materno no MT

Do boletim@aspta.org.br - Por um Brasil livre de transgênicos e agrotóxicos
 
Uma nova pesquisa realizada na Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT) revela mais um aberrante efeito do uso generalizado de agrotóxicos sobre a população das regiões de grande produção agrícola.
 
Em Lucas do Rio Verde, município situado a 350 km de Cuiabá, foram coletadas amostras de leite de 62 mulheres atendidas pelo programa de saúde da família. A coleta foi feita entre a 3ª e a 8ª semana após o parto.
 
Em 100% das amostras foi encontrado ao menos um tipo de agrotóxico. Em 85% dos casos foram encontrados entre 2 e 6 tipos. Entre as variáveis estudadas, ter tido aborto foi uma variável que se manteve associada à presença de três agrotóxicos.
 
A substância com maior incidência é conhecida como DDE, um derivado de outro agrotóxico, o DDT, proibido pelo Governo Federal em 1998 por provocar infertilidade no homem e abortos espontâneos nas mulheres.
 
O trabalho de pesquisa foi realizado pela mestranda em Saúde Coletiva da UFMT Danielly Palma, sob orientação do Prof. Wandeley Pignati.
 
Lucas do Rio Verde está entre os maiores produtores de grãos do Mato Grosso e entre os maiores produtores nacionais de milho “safrinha”, figurando como um dos principais pólos do agronegócio do estado e do país. Os defensores do modelo agroquímico que impera na região consideram o município como modelo de desenvolvimento.
 
Mas a imagem da cidade começou a ser manchada quando, em março de 2006, a cidade foi banhada pelo herbicida Paraquate, usado na plantação de soja. O veneno, despejado de um avião agrícola, destruiu plantações, hortas e jardins. Atingiu também cursos d’água, casas e pessoas, provocando problemas de saúde e colocando em risco toda a população local.
 
Este caso específico acabou ganhando divulgação nacional graças ao trabalho de um repórter da Radiobrás (seu trabalho originou o livro: MACHADO, P. Um avião contorna o pé de jatobá e a nuvem de agrotóxico pousa na cidade - história da reportagem. Brasília: Anvisa, 2008. 264 p.). Mas infelizmente, não se tratou de um caso isolado: ao contrário, ano após anos, “acidentes” como esse se repetem nas muitas cidades onde o agronegócio prospera.
 
Depois deste caso, uma pesquisa feita em parceria pela a Fundação Oswaldo Cruz e a UFMT encontrou resíduos de agrotóxicos no sangue e na urina de moradores, em poços artesianos e amostras de ar e de água da chuva coletadas em escolas públicas dos municípios de Lucas do Rio Verde e Campo Verde (dois dos principais produtores de grãos do estado).
 
O monitoramento da água de poços revelou que 32% continham resíduos de agrotóxicos. Das amostras de água da chuva analisadas, mais de 40% estavam contaminadas com venenos.
 
Boa parte desta contaminação é proveniente da pulverização aérea de venenos que é praticada na região. Vários estudos demonstram que, na prática, apenas uma parte dos agrotóxicos aplicados sobre lavouras se deposita sobre as plantas. O resto escorre para o solo ou segue pelos ares para contaminar outras áreas. Segundo diversas pesquisas realizadas pela Embrapa Meio Ambiente, em média apenas metade do que é pulverizado atinge o alvo. A parte que se perde no solo ou é carregada pelo vento pode comumente ultrapassar 70% do produto aplicado.
 
Mas um dos aspectos mais lamentáveis de todo este drama é que, ao prestar este valioso serviço à sociedade, estudando e comprovando os efeitos danosos dos venenos agrícolas sobre as pessoas e o meio ambiente, os pesquisadores têm se tornado vítimas de ataques pessoais. Via de regra, quando são divulgados resultados de pesquisas como estes, demonstrando a contaminação da água, do sangue ou do leite materno, os defensores do modelo agroquímico de produção partem para o ataque à reputação dos cientistas e, comumente, lançam dúvidas levianas sobre os métodos e a qualidade das pesquisas. Mas, claro, nunca propõem contraprovas ou a repetição dos testes.
 
Um exemplo tocante deste fenômeno está publicado na seção de comentários do site 24 Horas News, um dos veículos que divulgou a notícia da contaminação do leite materno em Mato Grosso. Diz o internauta Josué:
 
Já estou providenciando a foto dessa "pesquisadora" da UFMT e vou espalhar aqui pelo Nortão todo, nos postes, com a frase: PROCURA-SE - RECOMPENSA DE R$ 10 MIL. Depois vamos dar uma coça nela com pé de soja seco, que ela nunca mais vai pesquisar nada aqui” (18/03/2011 13:13:00).
 
Em agosto de 2010 o professor da Universidade de Buenos Aires Andrés Carrasco foi agredido ao visitar região produtora de soja no país onde participaria de evento para apresentar os dados de sua pesquisa que mostraram os danos causados pelo herbicida glifosato. O estudo foi publicado na Chemical Research in toxicology.
 
É por essas e muitas outras que poucas pesquisas têm sido realizadas sobre este tema. Este é apenas um exemplo grosseiro das pressões que pesquisadores sofrem -- em muitos casos dentro de suas próprias instituições. É preciso muita coragem para cutucar o agronegócio com vara curta.
 
O que estas pesquisas estão mostrando é apenas a ponta do iceberg. Procurando, muito mais evidências dos efeitos nefastos do uso maciço de venenos agrícolas serão achadas.
 
Com informações de:
 
Jornal da Band, 21/03/2011.
O Globo, 23/03/2011.
24 Horas News, 17/03/2011.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Presidente Dilma: Nem só de câncer vivem os problemas no seio (e no resto do corpo)

Estava eu pesquisando para meu querido Almanaque de Bichos que dão em Gente, em 1997, quando me deparei, num site japonês de parasitologia, com as fotos acima. Fiquei três dias arrepiada e quando os cabelinhos assentaram escrevi ao autor da foto, cujo email estava no site: Dr. Nobuaki Akao, então diretor da Faculdade de Parasitologia da Universidade de Tóquio, Japão. Pedi licença para publicar as fotos no meu livro e perguntei se aquilo era um caso raro. Ele deu permissão e respondeu que só no seio, só naquele hospital, eram uns 20 casos por ano. Façam as contas e imaginem outros lugares do corpo e outros hospitais. 

A criatura em questão é uma espargana, larva de Spirometra europaeierinacei, muito comum em cachorros, gatos e humanos no mundo inteiro. E a mulher estava sendo operada, supostamente, de um câncer no seio. Como diz o parasitologista americano Dr. Geoffrey Lapage, em seu livro Animals parasitic in man: “Não há parte do corpo humano, bem como de outro hospedeiro qualquer, que não seja visitada por algum tipo de animal parasitário em algum momento de sua história de vida.”

Entendo que a Presidente se preocupe com a saúde do povo. Que com certeza pode ter câncer, e ser ajudado, ou não, pelo que se chama de prevenção e na verdade é detecção de alguma coisa que quase sempre se supõe câncer. E pode morrer, sempre do câncer que volta depois do tratamento, ou salvar-se, como ela, e ficar grato.

Mas não posso deixar de pensar que o país ganharia muito em qualidade de vida e economia de gastos com saúde - e doença - se fosse restabelecido o padrão de eficácia dos exames de fezes, que decaiu junto com a ascensão do câncer, hoje um diagnóstico epidêmico. É como se as pessoas não tivessem mais tênias, amebas, lombrigas, estrongiloides, giardias, triquinas, esparganas, amarelão e tantos outros hóspedes cujos ovos e cistos aparecem nas fezes. Crianças são hiperativas ou têm DDA, nunca vermes. Convulsão? Leva-se ao neurologista, que pode receitar um anticonvulsivante sem pensar duas vezes. No entanto: lombrigas e outros vermes provocam convulsão, bem como falta de concentração.

Parece que a medicina perdeu o hábito de pedir os diagnósticos diferenciais adequados. No seio, então, a primeira e quase única sentença é sempre câncer. Mesmo sabendo-se claramente que vermes, protozoários e fungos geram quadros muito semelhantes na aparência, na dinâmica dentro do corpo ou na gravidade, por exemplo: amebas provocam abcessos necrosantes no fígado; fascíolas comem os dutos biliares e produzem lesões multiloculares também no fígado; fungos provocam massas tumorais; tricomonas atacam o colo do útero e a próstata; amebíase intestinal evolui quase sempre para câncer de intestino e reto; paragonimus habitam os pulmões; esparganas alojam-se nos seios, como se pode ver para crer; e por aí vai.

Enquanto as máquinas de mamografia podem ser mal calibradas, e as imagens mal interpretadas, e a radiação repetida todos os anos afetar os seios das mulheres de todas as idades, os cientistas da parasitologia não brincam em serviço. Usam exames de fezes, serológicos [de sangue] e radiológicos. As doenças infecciosas e parasitárias ainda são as que mais matam e as que mais minam a saúde do povo. Os parasitas estão no planeta há 600 milhões de anos, Presidente Dilma. Nós estamos há 2 milhõezinhos só. Eles são, digamos, mais preparados.

Ouso dizer: Não se iluda, Presidente. Está linda a sua foto com as famosas, mas não é a mamografia que vai fazer diferença na saúde do povo. O problema médico mais generalizado e nunca mencionado é de outra ordem. Olho vivo.

Viver melhor: Todo o apoio à obstetrícia!

Recebi, assinei e repasso na íntegra.

A saúde da mulher encontra no Brasil números alarmantes. A OMS recomenda que o número de cirurgias cesáreas não ultrapasse 15%, porém, na rede pública brasileira este número alcança a marca de 48% e na rede particular de 70% a 90%. Apesar do incentivo do Ministério da Saúde do Brasil pelo parto normal e pela humanização dos mesmos, as taxas permanecem altas. Sendo assim, em resposta a este quadro, o curso de Obstetrícia foi reaberto na Universidade de São Paulo em 2005, 34 anos depois de sua extinção na mesma universidade.

Ressurgiu determinado a formar profissionais da saúde, capacitados para prestar uma assistência humanizada à população brasileira no que se refere pré-natal, parto e pós parto, compreendendo a saúde da mulher, família e comunidade.

Acreditamos que uma atenção humanizada não é uma especificidade da obstetrícia, certamente profissionais médicos e enfermeiros podem e devem humanizar seu olhar e suas práticas. Contudo, a formação específica em Obstetrícia capacita os profissionais a praticar uma atenção individualizada à mulher e à família, compreendendo-a em seus processos de gestação, parto e amamentação como fisiológico, mas também e igualmente importantes, como processos emocionais, sociais, culturais, espirituais e como sementes para um mundo melhor.

Apesar de se propor a colaborar com a melhora da atenção a saúde da mulher, desde a sua reabertura, o curso enfrenta muitas dificuldades, dentre elas o impasse em relação a regularização da profissão de obstetriz. Além disso, hoje a Obstetrícia corre um risco maior: ter seu vestibular suspenso, o que abre a possibilidade do fechamento do mesmo.

Para que isso não ocorra, pedimos o seu apoio através do abaixo-assinado no link http://www.abaixoassinado.org/abaixoassinados/8452.

Repasse este link para o máximo de pessoas que você conhecer e que apóiem um modelo de assistência humanizada à mulher e seus processos de gestação, parto e pós-parto.

Precisamos do seu apoio!

quarta-feira, 23 de março de 2011

Saber viver

Cesar Lobo me trouxe essa linda aquarela da Turquia, juntando num só gesto o amigo, a mãe, a leveza da matéria viva, a transcendência pela música e pelo ritmo e o desenho que gira e levita. Presente para o meu coração e para muitos outros. Axé, Lobinho!

Candidíase, a praga: A dieta | o que ajuda | o que atrapalha

Acabei de postar lá no blog do livro.

quinta-feira, 17 de março de 2011

Dicionário da mulher: Contracepção, ou... quem manda no seu corpo é você!


Você não quer curtir esse barato de ser mãe agora, então como é que faz? Métodos, há vários. Simples ou tra­ba­­­lhosos, basta você escolher. O mais prático é virar santa, mas os outros quebram o maior galho...

TABELINHA
Aqui o x da questão é determinar quais são os seus dias férteis no mês. Teoricamente eles estão no meio do ciclo menstrual, 3 dias antes da ovulação e um dia depois. Mas onde é exatamente o meio do ciclo? No mês passado ele foi de 28 dias, no retrasado de 30. E agora? Simples: a cada mês você tira a média dos últimos três meses. Aí subtrai 18 dias do seu período mais curto e 10 dias do período mais longo; os dias que vai encontrar são o primeiro e o último em que pode engravi­dar.

Por exemplo, digamos que o seu ciclo mais curto teve 26 dias e o mais longo 35. Portanto 26 menos 18 = 8, e 35 menos 10 = 25, de modo que você pode estar fértil do oitavo ao vigésimo quinto dia do ciclo. 

MUCO CERVICAL
Ele aparece quatro dias antes da ovulação e é outro bom indicador da fertilidade. Não chega a ser corrimento, é um  molha­di­­nho dife­rente que vai ficando mais espesso ao se aproximar o dia D. Biologi­camente, sua função é formar uma base viscosa para os esperma­tozóides poderem viajar lá para dentro. Como isto é exatamente o que você não quer, tome cuidado a partir do momento em que se sentir mais molhada até 4 dias depois do muco ficar grosso e mais seco. A desgraça toda é que justamente nesses dias a gente fica com mais tesão, portanto mais assanhada e imprudente.

DIAFRAGMA, CAMISINHA, CAPUZ
Estes são os chamados métodos de barreira. A barreira é o que impede o espermatozóide de chegar ao óvulo. Pode ser um diafragma, membrana larga de borracha que fecha a entrada do colo do útero; uma camisinha, capinha de borracha para o pênis; ou um capuz cervical, também de borracha, que encaixa bem no cérvix. Todos protegem melhor quando você usa junto um creme ou geléia esper­mi­cida, isto é, que mata os esper­mato­zóides, tadinhos.

O diafragma é o mais eficiente. Para o dia­fragma você precisa que sua médica tire as medidas lá de dentro. Quando comprar, leia atentamente as instruções e não carregue o bichinho de qualquer jeito, porque ele fura, e aí... A camisinha é vendida em qualquer farmácia, cuidado com as mais baratas. Se tiver dúvidas é melhor pôr uma em cima da outra. E o capuz cer­vical, uma espécie de diafragma que envolve o cérvix,  quase ninguém usa porque é ruim de colocar.


ESPONJA
Marinha, 100% natural, não funciona como barreira: é apenas uma forma prática de você utilizar esper­micidas. Perde longe para o dia­fragma.

DIU
Dispositivo intra-ute­rino, é uma pecinha de plástico, geralmente re­coberta por cobre, com um barbantinho pendurado. A pecinha é inse­rida no útero pela sua médica e o barbantinho fica visível na vagina para ser puxado quando for o caso. Mas às vezes os DIUs dão  problemas bem sérios – perfuração de útero, infla­ma­ção, cal­ci­­­ficação, gravidez tubária, de forma que nossas médicas são um tanto avessas a colocá-lo, a não ser que a mulher já tenha usado um sem problemas. Mulheres com múltiplos parceiros e as que nunca tiveram filhos não deveriam usar DIU. No primeiro caso porque a adaptação fica muito mais difícil, no segundo porque se der algum problema e o útero for afetado, adeus filhinhos.

PÍLULA
Por obra e graça daquela cartelinha simpática  pudemos desreprimir uma demanda antiga, e como desreprimimos! Só que nem todo mundo se sente bem com a pílula ou pode tomá-la. Não se receita a pílula para mulheres com mais de 40 anos (35 no caso das fumantes), problemas hepáticos presentes ou passados, crônicos ou agudos, diabetes, distúrbios cardíacos ou vascu­la­res, hipertensão, varizes,  câncer, enxaqueca ou ane­mia. Atua impedindo o hipotálamo de ativar os hormônios da hipófise, de modo que você simplesmente não ovula. Também impede que o muco cervical se torne viscoso, então os esper­matozóides ficam sem condução para subir. Existem diversos tipos de pílulas. Todas têm efeitos colaterais, mas a gravidez também tem...


LAQUEADURA DE TROMPAS
A maneira mais radical de evitar filhos é blo­quear as trompas de Falópio, de modo que os óvulos caem no abdome e ali são reab­sorvidos pelo organismo. Ovinhos no útero, nunca mais. Isso se faz geralmente durante a cesariana se a mulher não quer ou não pode mais ter filhos e o obstetra já está mesmo com a mão na massa: ele simplesmente dobra, amarra e corta as trompas. Mas, diante da lei, a aprovação dependeria de uma junta médica, uma vez que a laqueadura “constitui lesão corporal grave por retirar órgão, sentido ou função”. A operação também pode ser feita em outro momento que não o do parto, através da vagina (raramente) ou por incisão nas pregui­nhas do umbigo.

VASECTOMIA
É um método prático, fácil e eficiente de não ter filhos, e os  efeitos cola­terais são mínimos, mas a maioria dos homens não quer nem tocar no assunto. Por quê? Porque tem que cortar um pedacinho deles, ora essa.

Dentro dos testículos há dois pequenos canais que carregam o esperma para a uretra. O que o médico faz, no consultório mesmo, é puxar esses canais  para fora através de dois corte­zinhos ridículos e zapt!, cortar uma fatiazinha de cada um, selar as pontinhas e pronto. Dura 20 minutinhos. Não dói. E não prejudica potência, ereção ou orgasmo: tudo continua do mesmo jeito, ou melhor que antes, já que o fantasma da gravidez está afastado para todo o sempre.

Mudar de idéia? Pode, mas só se ainda não tiver passado um ano: uma nova mi­cro­­­cirur­gia, a vaso­vasec­to­mia, tem como recons­tituir os canais, com sucesso em 90% dos casos.

ABORTO: OLHO VIVO
Só que com tudo isso você vacilou, e agora tem uma gravidez não de­se­jada. Contra tudo e todos você resolve tirar a criança. Então, já que não pensou antes, pense agora.

No Brasil morre uma mulher a cada 15 minutos por causa de aborto mal feito. É a maior causa de mortalidade entre nossas mulheres jovens.

São 3 a 5 milhões de abortos a cada ano; dez por cento dos casos se com­plicam, e destes, outros dez por cento são fatais.

Embora o aborto seja punido por lei, inúmeras clínicas prestam esse serviço clandestinamente; você vai ter que descobrir a melhor. São dois os métodos aceitáveis. Um utiliza sucção a vácuo, introduzindo um tubo no colo do útero para sugar todo o tecido fetal. O outro utiliza dilatação e cure­tagem: o médico dilata o colo do útero e raspa lá dentro com uma espécie de colher de cabo muito comprido. Qualquer outro artifício – chás, espe­tadelas ou subs­tâncias que as índias colocam – pode pôr você em risco de vida. E mesmo quando é bem realizado, um aborto pode ter conseqüências ruins como  gonor­réia, sífilis e infecções bacterianas contraídas na própria clínica; a pior de todas, esterilidade.

Sua médica certamente não vai apoiar sua decisão de abortar. Mas depois de tudo é ela que pode cuidar da sua saúde, portanto não perca tempo.

Do livro Só para mulheres (e homens que gostam muito das mulheres)

E mais: MÉTODO DA TEMPERATURA BASAL, veja abaixo o comentário de Angela em 23/3 .