Tudo na mulher é poesia e samba-canção. Os olhos são o espelho da alma, as mãos herdamos das fadas, o sorriso transporta ao paraíso, a voz é de anjo, a pele de rosas, o corpo de sereia, tudo com infinito poder de beleza e sedução. Mas na hora de falar sobre aquelas pequenas partes tão sensíveis e delicadas não há uma linguagem poética, gentil ou sedutora que traduza o apreço que se tem por elas. A escolha é entre os termos clássicos, tipo vulva e vagina, que soam feios e irreais, os nomes vulgares, aprendidos com pudor e excitação nos grafitos de banheiro, e os inocentes apelidos maternais como xana, xota, xoxota, bimbinha, bobó, pixu, pipi, xibiu, pixirica, xereca, prexeca, perereca, crica, periquita, pombinha, passarinha, bacurinha, partes, países baixos, zona sul... Acaba-se tascando um “genitália feminina”, que dá à coisa um ar distanciado.
Pois a distância acabou-se, já que é delas que vamos falar: das partes mimosas, que de certo modo governam nossa vida como fontes de prazer, saúde, reprodução, sexualidade — ou vergonha, culpa, repressão, doenças.
A deliciosa “rosa louca” insinuada pela música de Tom Jobim é mesmo uma sucessão de relevos e reentrâncias. Primeiro vem aquele casaco de pêlos, os pentelhos, protegendo o monte-de-vênus, ou púbis, uma parte geralmente gordinha e macia. A qual de repente racha, formando os chamados grandes lábios, que também são macios e gordos. Bem no comecinho da rachadura, mas já na parte interna, fica o mais sensível dos pontos sensíveis da mulher: a cabecinha do clitóris, o tal do grelo, pinguelo, tamatiá, única parte visível de um órgão sexual discretíssimo mas muito fácil de excitar. Junto a essa cabecinha nascem dois babadinhos, um de cada lado, chamados pequenos lábios, que variam muito de tamanho, forma e simetria e se transfiguram durante a excitação sexual, inchando e mudando de cor. Eles contornam a minúscula entrada da uretra, canal por onde a bexiga libera a urina, e terminam na entrada da vagina. A seguir vem uma planície, que é o períneo, e finalmente o ânus, desembocadura do intestino grosso.
A vagina é um canal de paredes rugosas e muito elásticas que vai da vulva até o colo do útero. Sua sensibilidade se limita ao primeiro terço do percurso; daí em diante não sente nada. Na parte posterior faz limite com as mucosas do reto.
Mas o melhor de tudo são os detalhes pitorescos do clitóris, que ficaram ocultos durante milênios e só vieram à luz quando certas feministas (as feministas certas) resolveram meter a mão. Literalmente. Homens não pegam no peru e coçam o saco? Pois elas decidiram pegar nos dedos, cutucar buracos, examinar com lentes e espelhos, fotografar em várias fases do ciclo menstrual, ver como é que fica quando excita, como é que fica quando envelhece (surpresa: o clitóris cresce!), como é que é na preta, na branca, na índia, na japonesa.
O clitóris é assim: uma grande estrutura interna cheia de nervos, músculos e vasos sanguíneos que se espraia pela vulva, incluindo a entrada da vagina e um pouquinho do períneo, e excluindo o ânus. Toda a região é extremamente sensível, e não só o grelo propriamente dito. Que, aliás, também não é um mero grelo, broto, rebento: aquela cabecinha, meio coberta pelo encontro dos pequenos lábios (mas também pode ser uma cabeçona, tem moça com cada grelo enorme) emenda numa varinha ascendente que até certo ponto dá para acompanhar com o dedo e depois bifurca em duas varetas que descem por trás dos grandes lábios.
Agora o melhor: essa estrutura invisível do clitóris é cheia de tecidos esponjosos que se enchem de sangue e crescem muito à medida que a tensão sexual aumenta, fazendo o grelo ficar completamente empinado. Ou seja: mulher também tem ereção. E quando acontece um orgasmo, as camadas de músculos clitorianos se contraem em uníssono, devolvendo o sangue à circulação e desempinando o grelo, ou seja: mulher também brocha.
Do livro Só para mulheres
sonia no livro manual do heroi tem as tabelas dos alimentos(movimento natureza sabor...),mas vc tem ,ou sabe algum link com 1 tabela dizendo apenas quais seriam classificados em yin ou yang(frutas,carnes,graos,vegetais,gorduras) ?
ResponderExcluire tbm nas tabela n tem sobre as gordura, vc saberia me dizer sobre o azeite de oliva,oleos(coco,canola,girassol,soja,dendê etc...)manteiga etc... se sao quente frio morno fresco ou neutro
obrigado
Oi, A., tableas de yin e yang você encontra nos livros de macrobiótica.
ResponderExcluirAs gorduras são ácidas, portanto Madeira, portanto sobem e são mornas.
Desculpe: tabelas.
ResponderExcluirAdoro esses seus almanaques de banheiro!
ResponderExcluirSão papos ótimos discontraídos sobre coisas que na maioria das vezes evitamos falar e até pensar...
É verdade mulher também tem ereção!
E tem homens que gostam de dizer "o seu brinquedinho é de abrir e fechar, querida" entendam que somos muito mais que isso também precisamos "armar" o brinquedinho para ter prazer e podermos brincar e gozar pra valer.
Bjs
Oi, Gabriela, no livro "A New View of a Woman’s Body", um guia magnificamente ilustrado pela Suzann Gage que se pode comprar na Amazon, aparece o clitóris ereto - um grande pássaro de asas abertas e cabeça erguida. Deveria ser livro de cabeceira de todas nós. E os homens que se concentram apenas no "brinquedinho" penetrante, sem explorar a sensibilidade gostosa de todos os milímetros do corpo que dão prazer, não sabem o que estão perdendo - além do sêmen...
ResponderExcluirAdorei seu comentário. Tenho muito o que publicar no Almanaque do Banheiro!
Alliás, a imagem mostrando esse pássaro chamado clitóris ereto, By Suzann Gage, está aqui !
ResponderExcluir(Olhaí, Angela, usei sua dica de link e passei de ano! Merci!!!)
ResponderExcluirNa imagem se vê bem a cabecinha do clitóris. Hood é prepúcio e gland é glande, como no pênis. Esse aspecto da genitália é muito semelhante nos homens e nas mulheres. No feto, é só a partir do quinto mês que se desenvolvem as características sexuais. O modelinho sensivel, erétil e prazeroso que o masculino desenvolve como instrumento de reprodução continua presente no feto feminino enquanto se formam o útero, as trompas, a vagina.
ResponderExcluirUAU! Com louvor!!! :o)))
ResponderExcluirSonia, esse Almanaque do Banheiro dá um livro!!!!
ResponderExcluirAmei o texto e a dica do livro que vc deu, vou procurá-lo JÁ!
Descobri assustada aos 12 anos que havia um buraco ali embaixo... nem imaginava que houvesse! sera que sou a unica? kkkk
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